• Project: • Original Title: • Translated Title: MCC CEA 708 Closed Captions • Translator: No Author • Language: English • Subtitles: 472 • Words: 3302 • Comment: • Client: • Creation Date: 15. Aug. 2018 • Revision: • Revision Date: 15. Aug. 2018 • Media File: No Media • Format: 29.97 NTSC DF • Offset: 00:00:00:00 [00:00:25;00] ? [00:00:28;00] [00:01:31;29] [Canto indígena] [00:01:34;27] [00:03:01;21] [Conversas indescritíveis] [00:03:07;04] [00:03:20;07] [Conversas indescritíveis] [00:03:24;27] [00:03:37;15] Foi quando eu fui lá para essa revista inglesa. [00:03:43;19] [00:03:45;19] Um pouco mais baixo. [00:03:49;21] [00:03:51;00] Mais na subida é o lugar. [00:03:55;18] [00:03:58;12] É bonito, não? [00:03:59;09] [00:03:59;15] Muito. [00:04:00;19] [00:04:03;13] Eu já esqueci ela. [00:04:06;03] [00:04:06;09] Mas está aí. [00:04:07;17] [00:04:07;23] Está aí, pois é. [00:04:09;16] [00:04:24;17] ? [00:04:26;06] [00:05:13;20] Os espíritos sempre vêm do alto. [00:05:16;21] [00:05:20;15] Eles vêm dançando, todos enfeitados, lindos, não? [00:05:27;02] [00:05:28;09] Descendo das alturas para chegar aos xamãs. [00:05:34;00] [00:05:43;16] Eles sempre falam que no dia que não haver mais xamãs, [00:05:49;09] [00:05:49;19] o povo ianomâmi vai acabar. [00:05:53;10] [00:06:01;08] O ser branco não vai querer [00:06:05;12] [00:06:08;08] entrar na floresta, destruir tudo [00:06:11;29] [00:06:12;09] é o começo do fim do mundo. [00:06:15;02] [00:06:15;16] ? [00:06:19;02] [00:06:37;05] [Claudia] É o que está acontecendo agora. [00:06:40;10] [00:06:46;09] A Claudia foi assim, ela [00:06:50;09] [00:06:52;14] tinha um projeto de fotografia, [00:06:55;26] [00:06:56;07] tinha conseguido uma bolsa de estudo de uma fundação. [00:07:01;15] [00:07:02;05] E soube através de uma pessoa que a gente conhecia lá, [00:07:07;25] [00:07:08;01] que ela conhecia, [00:07:09;21] [00:07:09;29] que nesse lugar onde eu estava [00:07:13;06] [00:07:13;14] havia condições muito interessantes [00:07:17;21] [00:07:18;00] para ela desenvolver esse trabalho fotográfico. [00:07:23;03] [00:07:23;29] Aí ela veio lá para ver. [00:07:27;14] [00:07:27;22] Ela veio, gostou e ficou. [00:07:30;03] [00:07:30;14] Na primeira vez ficou pouco tempo [00:07:32;14] [00:07:32;21] porque não tinha levado [00:07:34;11] [00:07:34;18] o material necessário para ficar muito tempo. [00:07:37;12] [00:07:37;19] A segunda vez ficou mais tempo. [00:07:40;06] [00:07:40;12] Na terceira mais ainda. [00:07:42;10] [00:07:42;21] E ficou até certo momento largando o trabalho fotográfico [00:07:47;16] [00:07:47;25] e se dedicando ajudar a salvar a vida dos índios, [00:07:52;20] [00:07:53;19] dar injeções, distribuir remédios, [00:07:57;21] [00:07:59;20] ajudar a divulgar a situação, [00:08:02;04] [00:08:02;11] tentar fazer o resto do mundo saber [00:08:06;23] [00:08:07;03] a situação trágica em que esse povo se encontrava [00:08:11;07] [00:08:11;13] para tentar mudar. [00:08:13;07] [00:08:13;16] Quando você fala, principalmente, sobre essa fotos [00:08:16;24] [00:08:17;03] dos rituais xamânicos ou fotos da vida tradicional, [00:08:20;21] [00:08:21;05] para a Claudia é muito importante [00:08:22;25] [00:08:23;06] sempre a afirmação de que o pressuposto é que ela estava tentando [00:08:25;18] [00:08:26;00] absorver a cultura do outro, que ela estava tentando, por exemplo, [00:08:29;00] [00:08:29;09] com essas luzes, que é uma coisa que aparece muito [00:08:31;25] [00:08:32;04] essa trajetória de luz nas fotografias e tudo, [00:08:35;00] [00:08:35;10] ela sempre diz que está tentando de alguma maneira [00:08:38;20] [00:08:39;03] simbolizar ou evocar o xapiripê que são os espíritos que aparecem para os xamãs, [00:08:44;08] [00:08:44;16] então, ela está sempre de um lado desmontando, [00:08:49;28] [00:08:50;10] desconstruindo essa visão estereotipada do indígena que existia, [00:08:55;21] [00:08:55;29] tanto na fotografia quanto nas artes em geral, [00:08:59;07] [00:08:59;17] que era sempre uma visão muito marcada ainda por uma [00:09:03;13] [00:09:03;22] compreensão do romântico, do bom selvagem. [00:09:07;20] [00:09:08;00] Então, você vê, se você pegar os fotógrafos brasileiros que [00:09:11;06] [00:09:11;14] fotografavam índios naquele período, [00:09:13;17] [00:09:13;26] ou fotógrafos que estavam no Brasil, [00:09:15;27] [00:09:16;05] Jean Manzon, o Medeiros e tal, [00:09:18;00] [00:09:18;09] o trabalho dela é completamente diferente. [00:09:20;11] [00:09:20;23] Então, eu acho que o que ela faz é uma... não sei se é uma desnaturalização [00:09:24;16] [00:09:24;28] ou uma renaturalização da ideia de identidade da fotografia do outro. [00:09:29;19] [00:09:30;00] Então, eu acho que nesse sentido ela é uma artista fundamental [00:09:33;15] [00:09:33;23] para se compreender uma série de práticas [00:09:36;17] [00:09:36;26] que vão vir a posteriori disso. [00:09:39;28] [00:09:53;02] [Claudia] Tem que ser realmente uma série. [00:09:56;21] [00:09:57;02] Se não, não muda o sentido. [00:10:00;14] [00:10:08;21] Eu falei que essa série, [00:10:13;13] [00:10:13;27] uma foto não quer dizer nada. [00:10:16;18] [00:10:16;27] [Homem] Não, é que... [Claudia] Não, eu sei. Eu sei. [00:10:19;19] [00:10:19;28] Estou só dizendo que realmente tem que ser a série. [00:10:24;07] [00:10:24;18] [Homem] Essas são seis, né? [00:10:26;07] [00:10:26;13] É falta uma ainda. [00:10:29;01] [00:10:30;15] Aqui eu usava vaselina [00:10:35;04] [00:10:35;11] que eu colocava na lente. [00:10:38;17] [00:10:40;11] É como você está vendo aqui, por exemplo, tá? [00:10:44;03] [00:10:44;10] A pessoa está em foco e ao redor vai... [00:10:49;05] [00:10:49;13] Uma espécie de um alo... né? [00:10:52;25] [00:10:53;02] Isso. Então, isso [00:10:56;23] [00:10:57;02] realmente foi muito pensado quando eu usava [00:11:01;06] [00:11:01;12] vaselina ou não. [00:11:03;18] [00:11:04;01] Eu usei muito ela, por exemplo, quando estava viajando no mato. [00:11:09;18] [00:11:10;05] Porque no mato a luz é muito monótona. [00:11:15;11] [00:11:15;26] O sol nunca entra entre as árvores. [00:11:20;20] [00:11:20;29] Não tem como. Então, para dar uma luminosidade, [00:11:27;09] [00:11:27;16] eu usava vaselina, mas na cor, [00:11:31;10] [00:11:32;05] e isso dava um realce à fotografia. [00:11:39;07] [00:11:45;24] Gozado todo esse desenho... [00:11:48;13] [00:11:49;01] no chão também. [00:11:51;23] [00:11:53;03] [Cantos indígenas] [00:11:57;10] [00:12:09;06] Não é que eu participei, [00:12:11;16] [00:12:11;24] mas eu acompanhava os rituais, [00:12:16;07] [00:12:16;17] que era uma coisa, bom, obviamente fundamental na vida deles, tá? [00:12:22;02] [00:12:23;26] Conhecendo as crenças deles, [00:12:26;11] [00:12:28;12] comecei a entender a importância do xamanismo, [00:12:33;17] [00:12:35;02] a relação entre natureza, o ser humano [00:12:41;21] [00:12:42;02] e os espíritos. [00:12:44;12] [00:12:44;25] [Canto indígena] [00:12:48;10] [00:12:54;23] Quando eles falam de imagem, [00:12:57;03] [00:12:57;10] eles falam do encontro com os xapiris. [00:13:01;19] [00:13:03;18] Xapiris são os espíritos que o xamã recebe [00:13:10;03] [00:13:10;27] para se comunicar com o mundo [00:13:13;23] [00:13:14;01] e pedir aos espíritos, aos xapiris, [00:13:19;03] [00:13:19;11] para ajudá-los numa doença, [00:13:22;27] [00:13:23;07] para ajudá-los a manter o mato vivo. [00:13:29;23] [00:13:30;00] Enfim, toda essa comunicação [00:13:34;04] [00:13:34;10] é sonho. [00:13:36;08] [00:13:37;05] Quando eles começam a se comunicar com os espíritos, [00:13:44;13] [00:13:44;19] eles começam a sonhar. [00:13:46;29] [00:13:47;14] ? [00:13:50;02] [00:14:52;20] Então, vai dar para montar [00:14:55;11] [00:14:56;20] essa, essa, essa... [00:14:59;16] [00:15:00;10] e essa. [00:15:01;23] [00:15:02;00] Uma, duas, três, quatro, cinco. [00:15:03;17] [00:15:03;23] Uma, duas, três, quatro. [00:15:06;10] [00:15:09;21] Tá, então, eu vou fazer o seguinte... [00:15:11;13] [00:15:11;21] Mas essa então, essas duas. [00:15:14;18] [00:15:16;21] Essa, essa, essa é para retocar. [00:15:20;05] [00:15:20;11] Não, essa não. [00:15:21;21] [00:15:21;27] Essa não sei, mas essa. [00:15:23;20] [00:15:24;01] [Homem] Essa talvez fosse para retocar. [Curador Rodrigo] Essa não sei. [00:15:26;26] [00:15:27;02] É o que ele me falou. [00:15:28;22] [00:15:29;02] Eu vou fazer o seguinte, também, eu vou repassar isso para ele hoje. [00:15:33;29] [00:15:34;08] [Homem] Manda isso, eu tenho essa informação. [00:15:36;18] [00:15:37;00] [Curador Rodrigo] Se a gente tem quatro paredes que a gente tem nesse momento, [00:15:41;14] [00:15:41;23] nesse envio agora, todas as fotos para montar. [00:15:44;07] [00:15:49;02] [Curador Rodrigo] Eu te mandei para você fazer o filme, [00:15:52;29] [00:15:53;09] aí você me manda dias depois um pedacinho daquele filme feito... [00:15:56;29] [00:16:00;25] Quanto isso? Um metro e meio por um? [00:16:02;20] [00:16:02;26] Isso. [00:16:04;03] [00:16:04;13] [Curador Rodrigo] Essa, na parede, ela está do lado [00:16:06;22] [00:16:07;00] daquela da vista aérea da maloca. [00:16:09;12] [00:16:09;22] [Mulher] Rosa? [Curador Rodrigo] É. [00:16:11;06] [00:16:11;15] [Claudia] Vista aérea? [Curador Rodrigo] É. [00:16:13;20] [00:16:15;26] Sei. [00:16:17;18] [00:16:19;16] É... o espírito viajou. [00:16:22;26] [00:16:23;03] ? [00:16:26;02] [00:16:38;18] [Claudia] Na mitologia ianomâmi tem três camadas, [00:16:42;05] [00:16:42;12] o mundo é feito de três camadas. [00:16:45;12] [00:16:45;26] É uma camada superior que está no céu. [00:16:50;02] [00:16:50;20] Tudo vem de lá. [00:16:53;22] [00:16:56;12] O ser humano também desceu na Terra vindo do céu. [00:17:01;10] [00:17:04;04] E quando os ianomâmis [00:17:06;02] [00:17:06;08] pensam na natureza, [00:17:10;07] [00:17:10;19] eles pensam em tudo, tá? [00:17:14;00] [00:17:14;07] A água, o céu, [00:17:16;21] [00:17:16;28] os bichos, a mandioca que eles plantam, [00:17:20;24] [00:17:21;01] enfim, tudo. [00:17:22;16] [00:17:24;20] Também não só a terra dos índios, [00:17:28;01] [00:17:28;07] mas tudo ao redor. [00:17:31;00] [00:17:31;19] Eles hoje falam que se o ser humano não cuida da terra, [00:17:39;09] [00:17:39;15] da natureza, dos bichos, [00:17:43;19] [00:17:43;26] tudo o que está vivo aqui [00:17:47;09] [00:17:47;15] o céu vai cair [00:17:51;20] [00:17:52;02] e essa segunda parte que nós chamamos de Terra, [00:17:58;01] [00:17:58;07] também vai cair. [00:18:01;01] [00:18:01;07] E lá o mundo acaba. [00:18:03;24] [00:18:04;21] Então, para mim entender essas coisas [00:18:08;20] [00:18:08;26] foi muito importante. [00:18:11;20] [00:18:11;26] E eu realmente queria [00:18:15;00] [00:18:15;07] entender o pensamento dos ianomâmi. [00:18:18;27] [00:18:19;04] ? [00:18:19;29] [00:18:41;17] ? [00:18:44;18] [00:18:54;29] [Furadeira] [00:18:57;12] [00:19:52;08] [Conversas] [00:19:54;17] [00:19:54;27] [Homens trabalhando] [00:19:59;08] [00:20:16;08] [Som da mata] [00:20:20;12] [00:20:48;21] [Homem] Claudia, vou pôr aqui para você. [00:20:50;23] [00:20:50;29] Oi? [00:20:52;12] [00:20:52;18] Senta aqui. [00:20:53;22] [00:20:54;06] A gente não vai para cima? [00:20:55;28] [00:20:56;06] Vamos ver aqui embaixo mesmo. [00:20:57;23] [00:20:58;00] Tá bom. [00:20:58;20] [00:21:00;20] Bonito. É lindo. [00:21:04;06] [00:21:07;10] Está passando por um ritual. [00:21:11;04] [00:21:11;14] Como se chama? [00:21:15;05] [00:21:15;11] Passagem de idade. [00:21:19;29] [00:21:20;15] [Curador Rodrigo] Da puberdade para... [Claudia] Sim. [00:21:22;19] [00:21:22;29] A gente encontrou umas pessoas na rua hoje, assim. [00:21:25;16] [00:21:25;22] [Risos] [00:21:27;23] [00:21:29;03] Claudia, você acha que os ianomâmis vão curtir? [00:21:31;16] [00:21:31;27] Eu estava pensando nisso. Olha, isso eles vão curtir. [00:21:38;25] [00:21:39;02] Eles vão dizer que aqui se vê os espíritos [00:21:42;16] [00:21:42;29] dançando, descendo. [00:21:46;06] [00:21:58;18] Não. 158. [00:22:00;22] [00:22:10;01] 157. [00:22:12;01] [00:22:22;25] Eu acho que vão gostar muito. [00:22:25;19] [00:22:42;03] [Conversa em ianomâmi] [00:22:44;23] [00:23:13;29] [Conversa em ianomâmi] [00:23:17;26] [00:23:42;01] [Conversa em ianomâmi] [00:23:45;03] [00:23:47;10] Fotógrafo não-indígena faz as fotos do jeito do pensamento dele. [00:23:51;26] [00:23:52;04] Se eles tivessem nome por escrito, [00:23:54;21] [00:23:54;29] reconheceríamos direto pelos nomes. [00:23:57;28] [00:23:58;19] Mas eu sei o nome, eu me não me lembro agora. [00:24:07;04] [00:24:12;21] Esse que está deitado eu não conheço. [00:24:16;08] [00:24:16;19] São naturais de Wakatau, morador de Wakatau. [00:24:20;08] [00:24:20;18] Eu conheço somente do nosso grupo, [00:24:22;25] [00:24:23;02] são moradores de outras aldeias. [00:24:25;11] [00:24:25;17] Não conheço muito bem. [00:24:29;19] [00:24:30;25] Único que eu conheço é este [00:24:33;00] [00:24:33;06] chefe da aldeia Caba. [00:24:35;24] [00:24:38;15] Ele faleceu de doença na época em que [00:24:41;20] [00:24:41;28] os garimpeiros permaneceram no local. [00:24:46;13] [00:24:47;03] Acabou o assunto. [00:24:48;13] [00:24:59;29] [Fala em ianomâmi] [00:25:03;27] [00:25:10;09] O que eu acho muito interessante, assim, [00:25:12;26] [00:25:13;06] e eu acho que é uma oportunidade para um Museu de Arte Contemporânea [00:25:17;14] [00:25:17;22] mostrar esse trabalho, com o peso que a gente está mostrando, [00:25:21;26] [00:25:22;06] abre uma oportunidade, é que é um trabalho que, de certa maneira, [00:25:26;17] [00:25:26;25] ele foi construído de costas pro sistema de arte. [00:25:30;20] [00:25:30;29] Essa afirmação precisa ser um pouco matizada. [00:25:35;11] [00:25:35;26] Mas de certa maneira a fotografia não existia no sistema de arte, [00:25:41;04] [00:25:41;11] eram mundos separados. [00:25:44;15] [00:25:44;25] Hoje a gente tem aqui essa sala com 160 fotografias [00:25:49;13] [00:25:49;23] durante esse período que ela ficou região do Catrimani, [00:25:52;05] [00:25:52;14] as pessoas perguntam: "Ah, por que este trabalho é inédito [00:25:55;00] [00:25:55;07] sendo que ela é uma artista tão..." [00:25:57;01] [00:25:57;14] A maior parte dessas imagens é inédita, porque não se fotografava para mostrar. [00:26:00;04] [00:26:00;14] Se fotografava muito mais para publicar do que para mostrar. [00:26:03;13] [00:26:04;01] Bom, eu comecei a fotografar no Brasil. [00:26:07;20] [00:26:08;04] Antes, eu não fazia fotografia. [00:26:11;23] [00:26:12;07] Nos EUA onde morei uns anos, eu comecei a pintar. [00:26:18;14] [00:26:18;26] Quando eu era criança, eu escrevia poesia [00:26:24;02] [00:26:24;11] e eu sempre senti uma necessidade de comunicação [00:26:28;10] [00:26:28;21] além de simplesmente me comunicar diariamente, [00:26:35;26] [00:26:36;04] na vida diária com pessoas. [00:26:39;14] [00:26:39;21] Então, no Brasil, eu comecei fotografar [00:26:44;09] [00:26:44;20] como uma linguagem de comunicação com as pessoas. [00:26:50;09] [00:26:54;23] O quê? [00:26:56;08] [00:26:58;14] Mão de espírito de ave jacamim. [00:27:01;06] [00:27:01;12] Como eram as mãos dele? [00:27:02;29] [00:27:03;06] Você conhece ele? [00:27:04;02] [00:27:04;08] Eu conheço. Conheço. [00:27:06;20] [00:27:06;27] Por que você tirou fotografia da mão dele? [00:27:11;21] [00:27:12;03] Foi a fotógrafa Claudia que tirou. [00:27:14;13] [00:27:14;20] O que? [00:27:15;16] [00:27:15;24] A Claudia que fez a fotografia dele. [00:27:18;09] [00:27:18;17] Depois eu também vou fotografar a mão da Claudia. [00:27:23;14] [00:27:24;23] Eu vou colocar no museu. [00:27:26;08] [00:27:26;19] Ele não é adulto, por isso não está com os dedos tortos. [00:27:30;29] [00:27:31;14] A velhice é visível. [00:27:33;20] [00:27:33;29] A sua mão está torta, envelhecida, mão avermelhada. [00:27:38;15] [00:27:38;23] Está avermelhada porque não sou ianomâmi. [00:27:42;04] [00:27:43;13] [Risos] [00:27:45;18] [00:27:47;27] Estão me fazendo olhar as fotos rápido demais. [00:27:50;12] [00:27:50;20] Não, vamos devagar, vamos seguir devagar. [00:27:52;27] [00:27:53;07] Os visitantes não deveriam ser tratados com tanta impaciência. [00:27:56;22] [00:27:57;20] Local de ritual de diálogo. [00:27:59;16] [00:27:59;24] Sim! outro ritual com Yakoana. [00:28:01;14] [00:28:01;20] Ei, quem é este? [00:28:04;05] [00:28:08;16] Por que ela fotografou os pés? [00:28:11;09] [00:28:19;28] Não, ela queria conhecer o pé [00:28:22;07] [00:28:22;14] para entender como são os pés dos ianomâmis, [00:28:25;27] [00:28:26;14] pensando que são diferentes. [00:28:29;26] [00:28:49;28] Quem é este? [00:28:51;24] [00:29:02;07] Ninguém sabe. [00:29:04;01] [00:29:16;27] Viveram e depois foram extintos. [00:29:19;22] [00:29:34;04] Assim era meu tio. [00:29:35;21] [00:29:40;12] Vocês que tiraram foto, depois joga, depois joga. [00:29:45;12] [00:29:46;03] Senão, você não guardou a foto. [00:29:48;27] [00:29:49;07] Hoje eu estou aqui, mas estou vivendo. [00:29:53;13] [00:29:54;05] Eu estou vivendo agora, estou vivo. [00:29:56;16] [00:29:56;23] Depois que eu morrer, só restará imagem. [00:30:00;12] [00:30:00;21] Depois que os meus parentes morreram, [00:30:04;01] [00:30:04;09] não pode mais olhar a foto deles. [00:30:06;10] [00:30:06;20] Se quando eu tirar a foto do meu parente ele estiver aqui, [00:30:09;09] [00:30:09;16] eu vi ele agora, ele está em Catrimani, [00:30:11;29] [00:30:12;08] quando eu fui lá, ele tirou foto junto com ele. [00:30:17;09] [00:30:17;28] Se alguém vier me avisar por telefone, [00:30:19;18] [00:30:19;25] "Ei, o seu amigo morreu." [00:30:21;22] [00:30:22;09] Ah, tá bom. Eu vou apagar a foto. [00:30:24;08] [00:30:25;05] A nossa cultura funciona assim. [00:30:26;14] [00:30:27;02] Como se viu, como se a pessoa estivesse morando aqui [00:30:30;18] [00:30:30;26] a foto dos meus parentes morando nessa casa. [00:30:33;22] [00:30:33;28] Mas vocês [00:30:35;17] [00:30:36;23] ficam olhando, se interessando, [00:30:39;15] [00:30:39;27] porque a imagem é uma foto bonita. [00:30:43;13] [00:30:44;17] O seu mundo é diferente. O mundo de ianomâmi é diferente. [00:30:48;17] [00:30:48;29] Olhando aqui parentes meus que viveram, morreram, eu fico triste. [00:30:56;11] [00:31:00;17] Mas eu conheço o trabalho da Napoiama. [00:31:05;05] [00:31:05;15] [Claudia] Sou eu. [00:31:07;07] [00:31:07;14] Ela se chama Napoiama - não-indígena. [00:31:10;07] [00:31:10;24] Ela nos conheceu, ela ficou nossa amiga, [00:31:14;21] [00:31:14;28] ela vestiu a nossa roupa ianomâmi, [00:31:19;03] [00:31:19;10] e nos abraçou. [00:31:20;22] [00:32:33;11] [Mata] [00:32:35;23] [00:32:42;16] É a primeira vez [00:32:43;25] [00:32:44;02] que eu estou olhando esse lugar. [00:32:50;09] [00:32:52;25] Esse lugar que eu nunca pensei, [00:32:56;14] [00:32:57;10] nunca pensei que viria aqui para conhecer. [00:33:03;06] [00:33:04;09] Agora eu estou aqui [00:33:05;29] [00:33:06;07] e é uma pequena floresta. [00:33:10;04] [00:33:13;00] Já foi tudo derrubado. [00:33:17;07] [00:33:18;12] Aqui, para mim, é uma capoeira. [00:33:22;23] [00:33:24;15] Capoeira que nasceu, então, plantaram. [00:33:29;12] [00:33:29;22] Essa árvore não é daqui. [00:33:32;01] [00:33:32;26] A árvore do Brasil eu conheço. [00:33:37;19] [00:33:37;26] Eu conheço desde pequeno. [00:33:40;05] [00:33:41;29] Esta árvore daqui está voltando, abre, [00:33:46;16] [00:33:46;24] porque eu conheço, maçaranduba, pequiá, [00:33:52;14] [00:33:53;02] e outros árvores daqui mesmo, mas eles já derrubaram. [00:34:00;21] [00:34:01;21] Essas árvores não são do Brasil, ela foi trazida. [00:34:05;20] [00:34:06;00] Plantaram esse pedacinho para dizer que está protegido, [00:34:11;17] [00:34:12;07] para dizer que está, assim, [00:34:15;16] [00:34:17;02] deixaram guardado aqui, [00:34:19;14] [00:34:20;07] não é, passou um trator, [00:34:27;13] [00:34:28;18] então, foi derrubado [00:34:32;04] [00:34:32;22] com a grande máquina [00:34:35;25] [00:34:36;02] amarrada com corrente. [00:34:39;28] [00:34:40;07] Mais ou menos com 20 metros de comprimento, [00:34:44;14] [00:34:44;26] duas máquinas, aí vai arrastando [00:34:48;27] [00:34:49;05] e as árvores vão derrubando. [00:34:53;06] [00:34:53;17] Ele foi assim. [00:34:56;17] [00:34:57;27] E o que nós estamos olhando aqui não é inteiro. [00:35:02;03] [00:35:02;10] Aqui já passou máquina, trator, [00:35:06;00] [00:35:06;06] já foi cavado, [00:35:08;10] [00:35:08;18] aqui já está, assim, machucado [00:35:11;27] [00:35:12;20] com a lâmina... [00:35:15;29] [00:35:16;29] a lâmina de trator. [00:35:20;26] [00:35:21;18] Se nós hoje arrancarmos tudo, derrubarmos tudo, [00:35:24;28] [00:35:25;04] destruirmos tudo, [00:35:27;17] [00:35:27;25] quando o seu filho crescer, [00:35:31;15] [00:35:31;23] eles vão andar por aqui, depois eles vão pensar: [00:35:36;01] [00:35:36;09] "Quem destruiu?" O próprio pai. [00:35:38;19] [00:35:39;04] O próprio pai, o próprio chefe dele que destruiu. [00:35:43;04] [00:35:43;10] Deixaram só um pedacinho [00:35:45;11] [00:35:45;20] para o filho de vocês olhar, tirar foto. [00:35:48;13] [00:35:48;28] Quem está realmente cuidando somos nós. [00:35:54;22] [00:35:56;19] É o nosso pensamento. [00:36:00;24] [00:36:01;22] O homem da floresta deixou a floresta viva em pé, [00:36:07;18] [00:36:08;16] não é para matar, como isso daqui, olha, [00:36:11;02] [00:36:11;08] mataram. [00:36:13;00] [00:36:13;22] ? [00:36:15;16] [00:36:36;19] ? [00:36:38;28] [00:36:50;11] [Canto ianomâmi] [00:36:53;02] [00:38:36;13] [Sons da floresta] [00:38:39;24] [00:39:24;12] Quando eu... [00:39:27;02] [00:39:28;05] iniciei para virar pajé, [00:39:36;02] [00:39:36;19] eu vi muitas coisas bonitas, [00:39:45;05] [00:39:45;11] desenhos bonitos... [00:39:49;09] [00:39:50;17] da floresta, as árvores, [00:39:54;06] [00:39:56;01] mais do xapiri. [00:40:00;01] [00:40:01;15] E quando terminei, [00:40:03;27] [00:40:04;03] terminei de virar pajé, [00:40:09;15] [00:40:09;23] tinha guardado na minha memória. [00:40:14;27] [00:40:18;19] [Sons da floresta] [00:40:22;01] [00:41:11;15] Ela introduziu o papel e o pincel atômico [00:41:14;29] [00:41:15;06] como ferramentas para os índios desenharem, [00:41:17;10] [00:41:17;18] que era uma novidade para eles, né, [00:41:19;06] [00:41:19;15] tinham outros desenhos que eram feito, pintura corporal, [00:41:24;09] [00:41:24;18] alguns grafismos que apareciam em artefatos, [00:41:28;14] [00:41:28;25] a própria visão xamânica, tudo isso, constituíam visualidades [00:41:32;23] [00:41:33;03] que não necessariamente existiram nesse plano bidimensional do papel [00:41:37;28] [00:41:38;07] que a gente está muito acostumado, então, ela introduz isso [00:41:40;29] [00:41:41;08] como uma maneira de ela aprender sobre a mitologia [00:41:45;10] [00:41:45;17] e sobre aspectos da cultura. [00:41:47;18] [00:41:49;23] Aqui a gente vai ter trabalhos de quatro desenhistas: [00:41:54;22] [00:41:55;02] André, Vital, [00:41:56;26] [00:41:57;02] Poraco e Orlando, [00:41:59;26] [00:42:00;04] mas no arquivo dela tem muitos mais desenhos. [00:42:03;21] [00:42:04;01] Mas eles desenhavam e o que a Claudia fazia [00:42:06;11] [00:42:06;20] junto com o Carlo Zacquini, que era [00:42:08;20] [00:42:08;29] o parceiro constante dela nessa pesquisa, [00:42:11;25] [00:42:12;05] ela anotava no verso ou em outras páginas de papel [00:42:16;27] [00:42:17;04] o que é que estava representado aqui, [00:42:18;28] [00:42:19;07] eles falavam ianomâmi, o Carlo é muito fluente [00:42:21;11] [00:42:21;23] e traduzia para o português. Então, são representações de mitos, [00:42:26;07] [00:42:26;16] ou representações de aspectos da vida tradicional, [00:42:29;16] [00:42:29;25] do corpo, mas muito ligados à cosmologia. [00:42:33;04] [00:42:45;28] Quando comecei a trabalhar com os ianomâmis, [00:42:49;15] [00:42:49;22] que foi em 1971, [00:42:54;07] [00:42:55;19] foi no Catrimani. [00:42:58;02] [00:42:59;12] Lá no Catrimani eram índios de primeiro contato, [00:43:03;07] [00:43:04;23] eram pessoas que me receberam muito bem, [00:43:08;25] [00:43:09;08] eles ficaram extremamente curiosos, o que eu era? [00:43:14;22] [00:43:15;01] Quando eu cheguei lá, eles não sabiam se eu era homem ou mulher. [00:43:19;00] [00:43:22;04] A uma certa altura, então, as mulheres vieram [00:43:25;03] [00:43:25;10] perto mim para me apalpar [00:43:28;14] [00:43:28;23] para saber se eu era homem ou mulher, tá? [00:43:31;27] [00:43:32;04] Mas de uma maneira muito gentil, assim, [00:43:36;12] [00:43:36;18] rindo um pouco. [00:43:39;03] [00:43:40;12] Queriam saber se... depois, [00:43:44;14] [00:43:44;22] se eu tinha filhos, se eu era casada, [00:43:47;23] [00:43:48;01] um pouco sobre a minha vida também. [00:43:51;05] [00:43:51;18] Então, assim que começamos uma amizade que dura até hoje, [00:43:57;09] [00:43:57;27] vai durar, não sei, até o fim da minha vida. [00:44:02;09] [00:44:03;04] Bom, isso em 1971. [00:44:06;11] [00:44:06;20] Desde então tem muita coisa que mudou. [00:44:10;04] [00:44:11;18] Era época do Regime Militar, anos 70, 80, [00:44:20;03] [00:44:20;28] depois... [00:44:22;22] [00:44:28;19] o governo brasileiro decidiu [00:44:33;01] [00:44:33;08] que tinha que construir uma estrada. [00:44:37;05] [00:44:37;27] O governo decidiu [00:44:40;09] [00:44:42;09] passar por lá com uma estrada [00:44:44;19] [00:44:44;26] que teria resolvido não sei quais problemas, [00:44:48;06] [00:44:49;01] eu sei que problemas, com certeza, essa estrada não resolveu [00:44:53;23] [00:44:54;00] e causou muitas mortes entre os ianomâmi. [00:44:58;25] [00:44:59;08] E eu tive, entre outras coisas, [00:45:01;29] [00:45:02;08] que abandonar, Claudia e eu, que estávamos por lá, [00:45:06;08] [00:45:06;17] abandonar totalmente as atividades de pesquisa, [00:45:09;22] [00:45:10;01] de documentação para tentar salvar a vida deles. [00:45:15;08] [00:45:15;26] Foi lá que começou todo meu envolvimento, [00:45:19;25] [00:45:20;05] a criação da comissão para o ianomâmi. [00:45:25;29] [00:45:29;10] Então, o primeiro grande trabalho da CCPY [00:45:34;14] [00:45:34;24] foi justamente a questão da demarcação das terras, [00:45:38;14] [00:45:38;22] depois a gente achou que era importante [00:45:41;17] [00:45:41;24] entrar na questão de saúde. [00:45:45;01] [00:45:45;12] Então, contatamos no começo dois médicos de São Paulo [00:45:50;27] [00:45:51;06] para ajudar, para começar o trabalho de saúde, [00:45:56;15] [00:45:56;26] tinha que organizar tudo, ter uma maneira em que você tinha fichas [00:46:04;27] [00:46:05;05] das pessoas que você tratou ou vacinou, [00:46:12;26] [00:46:13;04] porque a gente começou esse trabalho também [00:46:17;00] [00:46:17;08] vacinando, fazendo a primeira vacinação [00:46:20;10] [00:46:20;18] em todas as aldeias em que nós passamos. [00:46:23;10] [00:46:23;24] Assim, exige às vezes três doses algumas, [00:46:27;07] [00:46:27;17] mais reforço com distâncias bastante grandes entre elas. [00:46:31;12] [00:46:31;23] E não havia ninguém que conhecia todos eles. [00:46:34;13] [00:46:34;22] Então a única forma que nós conseguimos pensar, [00:46:37;26] [00:46:38;08] que fosse viável, foi de fazer fichas médicas [00:46:41;22] [00:46:42;02] com foto, tipo foto... [00:46:45;15] [00:46:45;22] de carteira de identidade. [00:46:47;29] [00:46:48;20] Essa é a finalidade dessas fotos. [00:46:51;05] [00:46:51;16] Só anos depois, muito tempo depois, [00:46:54;29] [00:46:55;08] que a Claudia revisitando o seu arquivo [00:46:58;29] [00:46:59;11] acabou se dando conta que aquelas fotos tinham outro valor também, [00:47:02;25] [00:47:03;03] não só aquele da ficha médica. [00:47:06;00] [00:47:06;08] E aí ele acabou valorizando isso. [00:47:08;23] [00:47:09;04] Porque ela mesmo fazendo uma coisa técnica, [00:47:12;06] [00:47:12;14] da ficha médica, ela não consegue se desligar [00:47:16;01] [00:47:16;13] da técnica e da visão, da forma de olhar as pessoas, [00:47:21;22] [00:47:22;02] então, mesmo nesses casos, ela acabou fazendo umas fotos bonitas, [00:47:27;10] [00:47:30;05] [Pássaros] [00:47:34;16] [00:48:14;09] É... [00:48:15;20] [00:48:16;00] de repente, me veio a pergunta para mim mesma, [00:48:21;10] [00:48:22;20] "Por que... [00:48:24;25] [00:48:26;12] O que significa para mim ser marcado?" [00:48:30;23] [00:48:34;18] Cheguei à conclusão que tem a ver com a minha vida. [00:48:39;16] [00:48:40;05] A minha infância, quer dizer, a época [00:48:43;21] [00:48:43;27] em que meus parentes, [00:48:47;26] [00:48:48;17] que foram mortos no campo de concentração, [00:48:51;24] [00:48:52;00] também foram marcados. [00:48:54;06] [00:48:54;15] E me veio uma certa compreensão de mim mesma, [00:49:01;06] [00:49:01;16] que eles foram marcados para morrer. [00:49:05;28] [00:49:06;22] Eu estava marcando, [00:49:12;17] [00:49:12;24] fazendo essa fotos de gente com números [00:49:16;02] [00:49:16;08] para eles sobreviverem. [00:49:18;17] [00:49:19;21] Em toda a minha vida, [00:49:22;23] [00:49:23;15] desde aquela época que eu tinha 13, 14, 15 anos, [00:49:29;08] [00:49:29;21] eu sempre me senti muito culpada por ter sobrevivido. [00:49:35;01] [00:49:36;09] A única pessoa da minha família, da parte do meu pai. [00:49:41;26] [00:49:42;21] Eu tinha um sentimento que... [00:49:45;16] [00:49:47;02] "Por que só eu sobrevivi?" [00:49:50;05] [00:49:51;18] É uma coisa que nunca me abandonou. [00:49:54;18] [00:49:55;01] Sem dúvida, meu envolvimento com os ianomâmi, [00:50:01;14] [00:50:01;21] além de querer entender, [00:50:04;27] [00:50:05;07] eu queria muito entender o fundo da cultura deles, [00:50:11;15] [00:50:12;25] o que ligava o ser humano à natureza, [00:50:17;21] [00:50:21;14] o sentido do xamanismo, [00:50:23;24] [00:50:24;21] do encontro com os espíritos da natureza, [00:50:28;20] [00:50:28;28] que são aqueles que dominam a vida deles. [00:50:32;09] [00:50:36;02] É uma coisa muito importante para mim. [00:50:40;04] [00:50:43;26] Mas isso tudo ligado ao fato que [00:50:47;03] [00:50:50;17] meus parentes todos morreram. [00:50:53;20] [00:50:55;17] Então, eu tinha que fazer alguma coisa [00:51:00;10] [00:51:00;20] para esse pessoal, esse ser humano sobreviver, viver. [00:51:06;01] [00:51:07;11] É fundamental para mim. [00:51:10;08] [00:51:12;22] É dar um sentido à vida. [00:51:15;09] [00:51:18;12] ? [00:51:21;23]