• Project: • Original Title: • Translated Title: MCC CEA 708 Closed Captions • Translator: No Author • Language: English • Subtitles: 426 • Words: 3113 • Comment: • Client: • Creation Date: 15. Aug. 2018 • Revision: • Revision Date: 15. Aug. 2018 • Media File: No Media • Format: 29.97 NTSC DF • Offset: 00:00:00:00 [00:00:26;17] ? [00:00:29;29] [00:01:12;04] A natureza é o contexto no qual a escultura se origina, [00:01:16;07] [00:01:16;13] para Penone. [00:01:17;12] [00:01:29;07] A árvore não é uma matéria sólida, ela é fluída. [00:01:34;24] [00:01:46;24] A partir de 1968, [00:01:49;04] [00:01:49;14] realizei uma série de trabalhos [00:01:52;02] [00:01:52;09] intitulados "Alpes Marítimos". [00:01:54;09] [00:01:54;17] Eram trabalhos baseados na compreensão [00:01:59;04] [00:01:59;13] da matéria e dos fenômenos que me rodeavam, [00:02:04;23] [00:02:05;03] como a chuva e o sol. [00:02:11;01] [00:02:11;25] O trabalho [00:02:13;22] [00:02:14;04] "Pedra, corda, árvore, sol, pedra, corda, árvore, chuva" [00:02:18;19] [00:02:18;29] foi baseado em um princípio muito simples: [00:02:21;29] [00:02:22;06] quando uma corda se molha, [00:02:24;29] [00:02:25;05] ela encolhe, [00:02:26;10] [00:02:26;20] então adquire a capacidade de levantar uma pedra. [00:02:30;01] [00:02:45;13] ? [00:02:47;03] [00:03:00;04] Outro trabalho que fiz, naquele período, [00:03:03;09] [00:03:03;16] foi com a dimensão do meu corpo [00:03:07;06] [00:03:07;16] submerso em um curso d'água, em um riacho. [00:03:13;10] [00:03:14;19] Está aqui. [00:03:16;10] [00:03:16;20] A altura do artista e a largura dos braços dele, [00:03:20;21] [00:03:20;27] o corpo como medida [00:03:22;18] [00:03:22;26] determina um formato que depois é adaptado [00:03:27;06] [00:03:27;13] e colocado no curso do rio que, [00:03:30;16] [00:03:30;26] percorrendo esse espaço, fica continuamente enquadrado. [00:03:34;18] [00:03:40;26] É uma estrutura aparentemente minimalista, [00:03:45;06] [00:03:45;14] correspondente a uma medida antropomórfica, [00:03:50;05] [00:03:50;14] no sentido de uma medida real de antropometria, [00:03:53;14] [00:03:53;22] a ideia do corpo como medida do mundo. [00:03:56;19] [00:04:00;27] E partindo desse pressuposto, [00:04:02;14] [00:04:02;23] decidi fazer o oposto do que se faz com a escultura, [00:04:08;06] [00:04:08;17] que seria imprimir, por exemplo, o gesto de uma mão no barro. [00:04:13;02] [00:04:14;27] Eu fossilizei a mão, [00:04:19;25] [00:04:20;17] com metal e coloquei perto de uma árvore. [00:04:25;19] [00:04:26;00] E a árvore, na medida em que crescia, foi criando um inverso [00:04:32;16] [00:04:32;25] e se transformando na parte ativa da escultura. [00:04:36;07] [00:04:37;15] ? [00:04:40;27] [00:06:25;15] [Narradora] Sinto a respiração da floresta. [00:06:28;07] [00:06:29;02] Ouço o crescimento lento e inexorável da madeira. [00:06:33;00] [00:06:33;21] Modelo minha respiração na respiração do vegetal. [00:06:37;28] [00:06:39;09] Observo o escorrer da árvore ao redor da minha mão, [00:06:42;17] [00:06:42;24] apoiada no seu tronco. [00:06:45;12] [00:06:45;23] A mudança de relação dos tempos tornam fluido o sólido [00:06:50;02] [00:06:50;09] e o sólido fluido. [00:06:53;09] [00:07:29;09] Essa árvore foi uma cortesia. [00:07:32;18] [00:07:37;12] É um cedro [00:07:39;15] [00:07:41;23] que foi derrubado por uma tempestade, [00:07:46;23] [00:07:47;04] no jardim do Palácio de Versalhes. [00:07:51;02] [00:07:51;14] Consegui um desses troncos grandes que estavam caídos. [00:07:56;09] [00:07:56;29] Depois fui trabalhando e descobrindo a forma da árvore, [00:08:01;04] [00:08:01;11] o ano do seu crescimento, [00:08:04;23] [00:08:05;15] que seria entre 1820 e 1830... [00:08:10;07] [00:08:10;17] dessa árvore que está no meio. [00:08:13;06] [00:08:19;13] Então, refletindo sobre essa escultura [00:08:24;22] [00:08:25;00] com uma forma pré-existente, [00:08:28;29] [00:08:29;20] a tarefa de um escultor é revelá-la, [00:08:32;16] [00:08:32;24] não é inventar uma forma, [00:08:35;02] [00:08:35;11] mas indicar as formas que existem na realidade. [00:08:39;09] [00:08:42;00] Isso aqui é, na verdade, um nó, [00:08:45;06] [00:08:45;14] um sedimento de um galho. [00:08:49;00] [00:08:49;12] Partindo desse ponto e seguindo a anel de crescimento [00:08:57;26] [00:08:58;02] o galho aparece. [00:09:00;04] [00:09:00;16] A primeira obra que fiz desse tipo foi no fim dos anos 60... [00:09:04;13] [00:09:04;23] no fim dos anos 60, em 69. [00:09:07;27] [00:09:11;07] Encontrei, dentro de um tronco, [00:09:14;24] [00:09:15;01] a forma da árvore que eu havia criado. [00:09:17;14] [00:09:18;14] ? [00:09:22;19] [00:09:51;25] Penone transfere a escultura de um âmbito espacial, ou seja, [00:09:57;15] [00:09:57;24] de estrutura que se formou no interior, [00:10:00;04] [00:10:00;11] para uma dimensão temporal. [00:10:02;29] [00:10:03;10] A escultura não é produzida em um tempo estático de arte, [00:10:08;03] [00:10:08;10] que dá uma forma completa a um objeto. [00:10:11;09] [00:10:11;20] A escultura é um processo de constante proliferação, [00:10:14;23] [00:10:15;04] onde a natureza retorna como um agente de continuidade. [00:10:20;18] [00:10:23;02] ? [00:10:28;21] [00:11:14;25] ? [00:11:18;12] [00:11:53;01] Essa obra consiste na ideia de que [00:11:55;17] [00:11:55;25] existe uma comunidade de árvores que rodeiam e [00:11:59;27] [00:12:00;05] levantam essa árvore central de bronze. [00:12:04;25] [00:12:05;02] Quando essas árvores crescem, [00:12:07;18] [00:12:07;25] formam uma estrutura arquitetônica. [00:12:11;20] [00:12:38;03] Isso era uma indicação de como, provavelmente, seria. [00:12:45;14] [00:12:45;27] Como o tubo de ferro sustenta a árvore, [00:12:50;20] [00:12:51;01] com o tempo, a árvore cresce e envolve o tubo. [00:12:55;01] [00:12:55;09] Então, se cria uma fenda que lembra a ideia de [00:12:59;12] [00:12:59;23] levantamento da árvore de bronze, em direção ao céu. [00:13:04;21] [00:13:05;02] A ideia é essa: que a árvore envolva a estrutura. [00:13:10;27] [00:13:17;13] "Elevazione" do Penone [00:13:20;06] [00:13:20;15] foi uma obra muito instigante também, [00:13:23;06] [00:13:23;15] porque ela conseguiu sintetizar o encontro de dois... [00:13:29;09] [00:13:29;16] duas tipologias de acervo [00:13:31;13] [00:13:31;20] em um único objeto artístico. [00:13:34;01] [00:13:34;13] A escolha das espécies botânicas partiu de uma seleção preliminar [00:13:42;25] [00:13:43;09] de possíveis árvores nativas que crescessem de modo mais vertical e que tivessem [00:13:48;09] [00:13:48;17] conformação mais cônica de copa, [00:13:53;01] [00:13:53;09] de forma que isso, quando as diversas, os diversos indivíduos [00:13:59;11] [00:13:59;20] no entorno da árvore de bronze, eles se juntassem [00:14:02;08] [00:14:02;15] formando uma única copa, [00:14:04;21] [00:14:05;01] isso fosse já uma característica da arquitetura daquelas espécies. [00:14:09;04] [00:14:15;28] Pelo fato de ser uma planta nativa, [00:14:17;13] [00:14:17;21] pelo fato de ser uma planta resistente e de ter uma arquitetura [00:14:22;05] [00:14:22;13] com formatos que ele buscava, [00:14:25;12] [00:14:25;22] ele escolheu o Gravitar que está hoje compondo a obra, [00:14:31;11] [00:14:31;18] que é parte da obra, e que vai permanecer lá [00:14:34;21] [00:14:34;28] por muitos e muitos anos ainda. [00:14:37;26] [00:14:38;02] ? [00:14:41;22] [00:15:15;06] Na fusão em bronze, se usa a força da gravidade [00:15:19;23] [00:15:20;03] para fazer o metal entrar, [00:15:24;16] [00:15:24;23] que se funde no interior do molde. [00:15:27;07] [00:15:27;16] Para fazer correr o bronze por toda a parte, [00:15:31;02] [00:15:31;10] se criou uma estrutura semelhante ao formato [00:15:35;00] [00:15:35;08] das árvores, ao formato da vegetação. [00:15:38;14] [00:15:39;24] O molde foi feito a partir de uma árvore real, [00:15:42;27] [00:15:43;03] de um carvalho morto [00:15:45;02] [00:15:45;10] e ele foi moldado primeiro em gesso, [00:15:48;22] [00:15:48;29] e depois foi moldado em bronze. [00:15:52;02] [00:15:52;16] É uma árvore que tem também um pouco de história [00:15:55;04] [00:15:55;14] daquilo que representa o local de origem dele, [00:15:59;26] [00:16:00;06] mas que aqui ela está, mesmo fora deste contexto, [00:16:04;17] [00:16:04;25] ela carrega ainda essa história, [00:16:08;21] [00:16:08;29] que é um complementaridade. [00:16:10;21] [00:16:18;21] ? [00:16:21;00] [00:16:26;23] Aqui, eu escrevi: [00:16:29;24] [00:16:30;10] o peso da árvore de bronze foi levantado pela força da luz. [00:16:35;06] [00:16:37;16] Esses são os exemplos de como a árvore, [00:16:40;23] [00:16:41;01] com o passar do tempo, pode englobar [00:16:45;06] [00:16:46;13] os elementos de bronze. [00:16:48;02] [00:16:48;11] A parte vermelha é a árvore de bronze, vista do alto, [00:16:52;19] [00:16:53;06] e essas são as árvores colocadas lateralmente [00:16:56;20] [00:16:57;05] que irão crescer e envolver [00:17:00;28] [00:17:02;04] a estrutura metálica de sustentação [00:17:06;09] [00:17:06;17] e parte da raiz da árvore de elevação. [00:17:10;13] [00:17:16;14] A força da luz que faz crescer os vegetais [00:17:21;13] [00:17:21;21] é uma energia que levanta um peso enorme, [00:17:27;17] [00:17:27;25] que levanta o peso da árvore, [00:17:31;04] [00:17:31;10] o peso das folhas. [00:17:32;29] [00:17:35;19] A luz permite que o vegetal supere a força da gravidade. [00:17:40;29] [00:17:41;06] Então, se pode ver a força da gravidade [00:17:43;14] [00:17:43;21] como o inverso da força vital, [00:17:46;20] [00:17:46;28] dando a ideia da horizontalidade, [00:17:49;08] [00:17:49;14] a ideia da morte. [00:17:51;18] [00:17:52;17] ? [00:17:55;20] [00:17:57;26] ? [00:18:01;29] [00:18:18;24] ? [00:18:24;04] [00:18:43;09] ? [00:18:46;13] [00:19:32;07] Uma árvore é uma forma de vida [00:19:35;05] [00:19:35;13] que se desenvolve contrariando a força da gravidade. [00:19:39;26] [00:19:40;16] A força vital da matéria [00:19:44;29] [00:19:47;23] que impulsiona a árvore verticalmente é a luz. [00:19:52;29] [00:19:53;15] Há outra coisa que eu gostaria de dizer [00:19:55;20] [00:19:55;28] relacionada à ideia da árvore. [00:19:58;05] [00:19:58;17] É que a árvore é uma estrutura que se constrói com o tempo, [00:20:02;23] [00:20:03;06] com a lógica da sua própria vida, [00:20:08;24] [00:20:09;03] da sua própria sobrevivência, da sua existência. [00:20:12;06] [00:20:12;18] Então, é uma forma, um ser, [00:20:18;10] [00:20:18;19] que memoriza, na sua fórmula, a sua existência. [00:20:22;11] [00:20:23;00] É como se um escultor conseguisse fazer uma escultura [00:20:27;03] [00:20:27;11] que servisse para as necessidades da vida dele. [00:20:30;18] [00:20:30;28] É uma escultura perfeita sob esse ponto de vista. [00:20:34;10] [00:20:34;18] Isso tudo explica meu interessa pelas árvores. [00:20:37;19] [00:20:38;14] A árvore cresce paralelamente, concentricamente. [00:20:40;24] [00:20:41;00] Como se tivesse um anel [00:20:43;01] [00:20:43;08] que cresce em torno da árvore de bronze. [00:20:45;24] [00:20:46;06] Portanto, o interior desse espaço [00:20:48;24] [00:20:49;02] é com se fosse a alma da árvore. [00:20:52;18] [00:21:24;29] ? [00:21:27;09] [00:22:17;06] No Jardim de Venaria, [00:22:19;05] [00:22:19;16] a arte foi introduzindo um elemento quase anárquico, [00:22:26;00] [00:22:26;11] de autorregulação temporária, [00:22:29;22] [00:22:30;00] com a pretensão de não ser previsível. [00:22:32;21] [00:22:33;00] de acordo com o modo habitual do observar humano, [00:22:40;12] [00:22:40;19] harmonioso ao pensar em uma paisagem [00:22:43;14] [00:22:43;25] como uma dimensão confortável sob uma perspectiva humana. [00:22:47;25] [00:22:48;09] A ideia foi introduzir no meio de um jardim, [00:22:51;13] [00:22:51;21] desenhado com formas geométricas, [00:22:53;18] [00:22:53;26] onde a natureza é geometrizada, [00:22:55;27] [00:22:56;04] já que é um jardim "a la francesa". [00:22:57;27] [00:22:58;08] A ideia foi introduzir uma lógica do crescimento vegetal. [00:23:03;01] [00:23:03;08] Todas as minhas obras que estão naquele lugar, [00:23:06;29] [00:23:07;06] foram feitas com os elementos do jardim, [00:23:11;02] [00:23:11;12] ou seja: a vegetação, a pedra, a água. [00:23:15;03] [00:23:18;00] Não existe um contraste, [00:23:19;13] [00:23:19;21] não é uma obra baseada na ideia de contrastes, [00:23:22;07] [00:23:22;18] ou de introduzir uma forma espetacular no meio de um local. [00:23:26;20] [00:23:27;09] O que se converte em espetacular [00:23:29;15] [00:23:29;23] é a nossa imaginação que cria. [00:23:33;27] [00:23:35;01] ? [00:23:37;27] [00:23:54;17] Em todas as formas de linguagem, [00:23:57;04] [00:23:57;11] temos indicações de que há sedimentação [00:24:00;13] [00:24:00;20] do interior da pedra, como as veias. [00:24:03;04] [00:24:03;13] Se fala das veias de mineração, das veias de metais. [00:24:09;13] [00:24:09;20] Essa associação sempre me impressionou. [00:24:13;02] [00:24:13;09] Me impressiona a ideia de corpo, [00:24:16;26] [00:24:17;03] de um elemento do nosso corpo, [00:24:18;26] [00:24:19;04] que são as veias, o sangue e o fluxo do sangue; [00:24:21;18] [00:24:21;25] a ideia de uma veia, [00:24:24;12] [00:24:24;22] de um fluxo no interior da matéria, da escultura. [00:24:28;11] [00:24:32;22] Fiz um série de obras onde coloquei relevos e veias. [00:24:39;04] [00:24:39;11] Usei o mármore porque é um material [00:24:42;13] [00:24:42;21] que se encontra facilmente na Itália, [00:24:46;10] [00:24:46;22] e que tem essa característica de ser cheio de texturas, [00:24:50;02] [00:24:54;11] que aparentam um tecido venoso do corpo humano. [00:24:58;27] [00:25:01;03] Eu fiz uma série de trabalhos a partir essas ideias, [00:25:06;13] [00:25:06;23] que nasceram, no primeiro trabalho, [00:25:09;18] [00:25:09;29] de uma ideia que é quase a dissecação de um corpo, [00:25:14;16] [00:25:14;24] portanto como uma anatomia. [00:25:17;07] [00:25:49;06] Então, essa continuidade entre o homem vegetal e mineral [00:25:53;24] [00:25:54;02] nos obriga a ir além do conhecimento do homem, [00:25:58;14] [00:25:58;21] da limitação do tempo histórico, [00:26:02;15] [00:26:02;23] ou seja, do tempo do ser humano. [00:26:04;08] [00:26:04;19] Tal escala de tempo foi superada pela imaginação de Penone. [00:26:07;21] [00:26:08;01] O problema da dimensão reforça o princípio da analogia. [00:26:14;29] [00:26:15;07] A analogia é um processo de experiência [00:26:18;03] [00:26:18;11] que nos permite sair da escala humana [00:26:21;09] [00:26:21;17] para caminhar do infinitamente minúsculo [00:26:24;06] [00:26:24;13] até o infinitamente grande. [00:26:26;05] [00:26:26;12] Portanto precisamos reconhecer, [00:26:28;18] [00:26:28;25] no tema da analogia, [00:26:30;13] [00:26:30;22] a capacidade de individualizar a correspondência [00:26:33;20] [00:26:33;27] entre o corpo e o universo. [00:26:36;17] [00:26:52;20] Na escultura, existe um contraste [00:26:55;18] [00:26:55;24] entre o macio e o duro, [00:26:58;03] [00:26:58;13] entre o fluido e o sólido, [00:27:01;27] [00:27:02;07] ela é sempre baseada nesses contrastes. [00:27:04;27] [00:27:05;07] O que sempre me interessou, nesse caso, [00:27:09;13] [00:27:09;22] é que o cérebro, mesmo sendo uma matéria mole, [00:27:13;06] [00:27:13;13] cria a forma do osso que o protege, [00:27:21;02] [00:27:21;10] cria o formato do crânio, [00:27:23;28] [00:27:24;20] e, dentro do crânio, [00:27:28;01] [00:27:28;09] vemos o contrário do formato do cérebro. [00:27:32;18] [00:27:33;22] Então, eu peguei um crânio, passei tinta preta, [00:27:38;08] [00:27:38;15] depois, limpei levemente com uma esponja, [00:27:42;12] [00:27:42;18] e surgiu essa figura, [00:27:45;24] [00:27:46;04] que lembra um crânio, [00:27:52;03] [00:27:52;12] mas também com elementos, como esses... [00:27:58;06] [00:27:58;14] uma espécie de veias, que alimentam o cérebro, [00:28:02;16] [00:28:02;22] uma série de elementos [00:28:05;09] [00:28:05;18] que aparentam ser uma topografia de um território. [00:28:10;16] [00:28:34;13] Isso foi feito com pedaços de esponja... [00:28:38;01] [00:28:38;22] ? [00:28:41;16] [00:28:45;12] Me interessava o fato de o cérebro ser uma parte do corpo [00:28:50;19] [00:28:50;25] que entende a realidade, [00:28:52;24] [00:28:53;01] que elabora nossos pensamentos, [00:28:54;24] [00:28:55;01] mas não consegue ver sua própria forma, [00:28:59;13] [00:28:59;22] porque para isso ele precisa dos olhos, das mãos. [00:29:03;16] [00:29:04;08] ? [00:29:07;12] [00:29:22;26] A visão percebe o tamanho, [00:29:27;00] [00:29:27;16] já o tato não consegue perceber o tamanho. [00:29:31;03] [00:29:31;19] Quando você toca alguma coisa, [00:29:33;25] [00:29:34;29] a superfície que é tocada [00:29:38;05] [00:29:38;19] pode ser muito importante para a sensação que se tem. [00:29:44;18] [00:29:45;03] Com os olhos fechados, [00:29:46;23] [00:29:47;02] envolvemos nossos sentidos na nossa compreensão. [00:29:52;03] [00:29:53;04] Talvez, por isso, fechamos os olhos quando fazemos amor, [00:29:58;26] [00:29:59;03] porque temos uma percepção de ampliação, [00:30:03;05] [00:30:03;12] de exaltação das nossas sensações. [00:30:07;12] [00:31:08;16] São velhas fotos daquela época. [00:31:11;23] [00:31:13;02] Essa é uma fotografia que foi descartada no trabalho final. [00:31:19;01] [00:31:19;08] Mas podemos ver aqui os cortes da colagem, [00:31:26;04] [00:31:26;10] daqui até aqui. [00:31:29;11] [00:31:32;02] E, aqui, a inserção do reflexo, [00:31:35;29] [00:31:36;08] daquilo que as lentes de contato refletem. [00:31:41;20] [00:31:42;04] Elas refletem o espaço ao redor. [00:31:44;19] [00:31:58;06] Esse trabalho de lente de contato é um espécie de ação, [00:32:02;27] [00:32:03;05] porque era o Giuseppe que usava as lentes. [00:32:09;25] [00:32:10;09] Essa é a imagem de Giuseppe com as lentes de contato. [00:32:16;19] [00:32:17;24] ? [00:32:21;15] [00:32:25;25] Ele diz que as lentes de contato refletem, no espaço, [00:32:31;12] [00:32:31;19] as imagens que os olhos humanos [00:32:33;18] [00:32:33;28] capturam com o simples movimento normal do olhar. [00:32:36;18] [00:32:39;03] Acreditamos no êxito desses registros fotográficos, [00:32:43;08] [00:32:43;15] em ver, no futuro, [00:32:45;16] [00:32:45;23] as imagens registradas nos olhos do passado. [00:32:48;20] [00:32:49;21] ? [00:32:52;14] [00:33:14;29] ? [00:33:18;02] [00:33:38;21] ? [00:33:40;21] [00:34:00;02] ? [00:34:04;22] [00:34:14;26] Eu nunca tinha exposto esse trabalho. [00:34:20;02] [00:34:21;28] Comecei a fazer esse tipo de trabalho [00:34:26;23] [00:34:27;18] em 1980; foi minha primeira obra desse tipo. [00:34:31;08] [00:34:32;17] Peguei uma pedra de um rio, depois subi esse rio, [00:34:37;08] [00:34:37;16] até onde havia uma caverna, [00:34:40;24] [00:34:41;18] peguei o mesmo tipo de pedra, [00:34:45;18] [00:34:45;25] um bloco, [00:34:48;26] [00:34:49;05] e refiz a forma dessa pedra que peguei no rio. [00:34:53;15] [00:34:58;29] Isso porque o modo de elaboração em uma escultura de pedra [00:35:04;25] [00:35:05;06] é muito semelhante ao modo de elaboração da pedra do rio. [00:35:10;08] [00:35:10;17] Então, a partir da idealização desse trabalho, [00:35:14;27] [00:35:15;04] foi possível realizar o mesmo conceito, [00:35:19;04] [00:35:19;12] mas com um grão de areia. [00:35:21;24] [00:35:28;12] Aqui temos dois grãos de areia. [00:35:31;20] [00:35:31;27] Um grão de areia que foi encontrado, [00:35:36;00] [00:35:36;15] e um grão de areia replicado, [00:35:39;04] [00:35:39;14] modelado com a maior precisão possível com um sistema [00:35:42;24] [00:35:43;00] de modelagem a laser. [00:35:46;11] [00:35:46;26] Encontrei um tronco fossilizado de uma árvore, [00:35:51;03] [00:35:51;10] um tronco que tem, mais ou menos, [00:35:56;29] [00:35:57;12] cem milhões de anos, [00:36:00;18] [00:36:01;06] que estava vivo, era vital. [00:36:05;04] [00:36:05;14] Era uma forma orgânica, que se transformou em silício. [00:36:11;08] [00:36:12;21] E a matéria orgânica se transformou em silício, [00:36:19;29] [00:36:20;10] e o silício se transformou em areia. [00:36:24;24] [00:36:25;09] Então, é uma coisa... [00:36:27;25] [00:36:28;04] Eu cavei aqui com a palma da minha mão e, [00:36:33;11] [00:36:34;29] no meio da escavação, [00:36:37;25] [00:36:38;03] vou colocar esse grão de areia, [00:36:41;29] [00:36:44;03] que poderá ser invadido pela vegetação, [00:36:46;29] [00:36:47;07] percorrendo um ciclo de milhares de anos, [00:36:51;06] [00:36:51;17] mas é um ciclo, um movimento, não é uma coisa estática. [00:36:55;06] [00:36:55;15] A realidade é sempre fluída, nunca será estática. [00:36:58;29] [00:36:59;07] Este é o problema que nós, seres humanos, temos. [00:37:02;16] [00:37:02;24] Temos um tempo de respiração [00:37:05;04] [00:37:05;15] muito breve em comparação à respiração da vegetação, [00:37:10;03] [00:37:10;13] em comparação à respiração de outras formas vivas, [00:37:13;18] [00:37:13;28] ou daquilo que consideramos inanimados, como areia [00:37:17;14] [00:37:17;24] ou outros materiais que, na verdade, não são inanimados. [00:37:22;19] [00:37:22;27] São orgânicos, são vivos. [00:37:25;22] [00:37:26;01] Particularmente, um grão de areia condensado... [00:37:29;12] [00:37:29;19] Cada grão de areia é diferente de outro. [00:37:33;20] [00:37:33;28] Portanto, cada grão de areia tem uma identidade, [00:37:36;27] [00:37:37;03] tem uma forma diversa. [00:37:38;22] [00:37:39;01] Com as pessoas são diferentes umas das outras, [00:37:41;14] [00:37:42;05] é quase impossível encontrar dois grãos de areia iguais. [00:37:47;12] [00:37:48;15] Então, introduzir dois grãos de areia iguais na natureza, [00:37:55;09] [00:37:55;15] por exemplo no deserto, [00:37:58;08] [00:37:58;15] é uma anomalia na lógica da natureza, [00:38:04;23] [00:38:05;15] mas essa anomalia pode ser produzida pelo homem. [00:38:09;08] [00:38:09;19] O homem também é um elemento natural, então, na verdade... [00:38:13;04] [00:38:14;05] [Carro] [00:38:16;20] [00:38:33;01] Aqui tudo era cultivado, se plantava, [00:38:36;08] [00:38:36;15] Se fazia vinhedos, se fazia produtos. [00:38:38;04] [00:38:38;11] Depois, nos anos 50, foi tudo abandonado [00:38:40;10] [00:38:40;18] e, assim, cresceu esse bosque. [00:38:42;14] [00:38:42;22] Então não foi um bosque planejado, [00:38:44;29] [00:38:45;08] foi uma bosque que cresceu de maneira natural. [00:38:48;13] [00:38:48;21] Por isso, há tantas essências, [00:38:50;26] [00:38:51;03] há essa grande variedade de árvores. [00:38:55;16] [00:39:11;17] [Motor ligando] [00:39:13;25] [00:40:27;16] Nico, pega uma escada, por favor. [00:40:31;04] [00:40:45;14] Tá, coloca aqui. Isso, isso. [00:40:49;20] [00:40:55;06] Pronto. [00:40:56;28] [00:40:59;03] Bom... [00:41:01;01] [00:41:18;18] Desço um pouco? [00:41:19;24] [00:41:20;01] Sim, agora pega uma ramo de Sambuco. [00:41:24;29] [00:41:25;05] Sambuco? Quanto? [00:41:26;14] [00:41:26;24] Um ramo mais ou menos... mais pontas, não muito longas. [00:41:31;15] [00:41:31;22] Tudo bem. [00:41:33;07] [00:41:36;28] Mais para baixo. [00:41:38;23] [00:41:40;07] Isso! [00:41:41;09] [00:41:41;16] Agora sobe. [00:41:43;26] [00:42:07;00] [Giuseppe] Nico? [Nico] Oi? [00:42:08;29] [00:42:09;08] [Giuseppe] Desce um pouco. [Nico] Tá. [00:42:11;20] [00:42:20;21] [Motor] [00:42:22;26] [00:42:59;12] [Esfregando] [00:43:01;26] [00:43:57;27] Agora vamos fazer outro tronco, ali mais para baixo. [00:44:02;10] [00:44:02;21] Vou fazer mais um ou dois troncos. [00:44:05;13] [00:44:05;21] Qualquer coisa, fazemos mais ali na frente. [00:44:08;25] [00:44:10;18] Agora, vou subir naquela árvore. [00:44:13;12] [00:44:14;17] Não, primeiro aqui. [00:44:16;08] [00:44:16;15] Sempre encontramos no trabalho do Penone, [00:44:19;19] [00:44:19;27] situações de contato, de pele. [00:44:22;22] [00:44:23;01] A pele é aquela parte invisível, imperceptível, [00:44:27;13] [00:44:27;21] porém determinante de uma osmose [00:44:30;01] [00:44:30;08] entre uma essência pressuposta [00:44:32;22] [00:44:33;00] em um mundo de contínua ação. [00:44:35;02] [00:44:35;10] Toda a obra de Penone se baseia nesse limite. [00:44:38;11] [00:44:38;21] Como o contato, [00:44:40;09] [00:44:40;19] esse apanhado de consciência de um superfície, de uma forma... [00:44:44;17] [00:44:45;06] a ideia de que, tocando uma forma, se deixa uma imagem. [00:44:50;11] [00:44:50;26] Uma impressão digital não é uma imagem cultural. [00:44:55;25] [00:44:56;03] É uma imagem animal, natural. [00:44:59;03] [00:44:59;14] Mas, partir do momento em que você se torna consciente [00:45:01;29] [00:45:02;05] e a repensa, [00:45:03;23] [00:45:04;01] ela pode se transformar em uma cultura... [00:45:05;24] [00:45:06;03] pode se transformar em uma linguagem desejada. [00:45:08;14] [00:45:08;26] ? [00:45:11;03] [00:45:16;01] Esse tronco veio dos Alpes, [00:45:23;14] [00:45:24;05] de uma altitude de 1700, 1800 metros. [00:45:30;13] [00:45:31;16] É um pinheiro, em inglês é "larch", [00:45:36;02] [00:45:37;12] e por ser de altas montanhas, [00:45:39;03] [00:45:39;09] cresce muito lentamente, [00:45:41;27] [00:45:42;07] tem um tronco muito grosso, [00:45:44;18] [00:45:44;26] possui uma imagem muito forte. [00:45:49;06] [00:45:49;13] Ele foi usado para modelar o couro. [00:45:55;02] [00:45:57;23] Depois de molhado, eu coloquei o couro sobre o tronco, [00:46:01;11] [00:46:01;20] e fiz com que ele se moldasse ao formato do tronco. [00:46:05;19] [00:46:19;13] Essas são as peles [00:46:22;02] [00:46:24;00] que foram trabalhadas. [00:46:27;18] [00:46:29;06] Uso a pele animal porque, de qualquer modo, [00:46:35;16] [00:46:35;26] é a pele que nos separa das coisas que nos rodeiam, [00:46:41;26] [00:46:42;08] é o órgão que nos permite decifrar [00:46:45;06] [00:46:45;12] a superfície das coisas. [00:46:49;22] [00:46:50;07] É o aspecto tátil, palpável da matéria, [00:46:56;13] [00:46:56;29] dos materiais de das formas [00:46:59;06] [00:46:59;14] é fundamental para a escultura. [00:47:01;17] [00:47:10;11] Uma mão que agarra um objeto é, na verdade, [00:47:13;06] [00:47:13;13] uma ação que podemos definir como escultura, [00:47:16;02] [00:47:16;08] assim como a respiração, [00:47:18;02] [00:47:18;10] o volume de ar de uma palavra [00:47:21;03] [00:47:21;11] pode ser considerado uma escultura, [00:47:23;03] [00:47:23;11] porque se introduz uma massa de ar, [00:47:26;26] [00:47:27;04] que possui várias características, [00:47:29;19] [00:47:29;27] no meio de um volume de ar diverso. [00:47:32;21] [00:47:32;29] A vida nos foi dada a partir de um sopro. [00:47:36;09] [00:47:36;16] Havia a forma do homem, feito na Terra, [00:47:40;03] [00:47:40;13] e a divindade assoprou a vida no interior da matéria. [00:47:45;00] [00:47:45;14] Portanto, existe uma realidade quando se respira. [00:47:49;23] [00:47:50;16] A respiração é o momento no qual o nosso corpo [00:47:55;01] [00:47:55;08] fica permeável ao exterior. [00:47:58;21] [00:47:58;28] Nosso corpo se defende, se fecha. [00:48:01;16] [00:48:01;23] A pele serve para definir nosso corpo, [00:48:04;25] [00:48:05;05] para torná-lo impermeável aos elementos externos, [00:48:08;19] [00:48:08;26] para nos proteger, porém quando se respira, [00:48:11;12] [00:48:11;20] o ar, o oxigênio, entra em nosso sangue [00:48:18;11] [00:48:18;18] e faz essa troca. [00:48:20;10] [00:48:20;18] Essa permeabilidade é uma coisa semelhante [00:48:24;22] [00:48:24;29] com aquilo que acontece com a fecundação, [00:48:27;00] [00:48:27;10] quando o espermatozoide entra no interior do óvulo. [00:48:30;02] [00:48:30;13] Portanto, existe alguma coisa relacionada à germinação, [00:48:34;19] [00:48:35;19] à vitalidade, no ato de respirar. [00:48:38;24] [00:48:39;22] ? [00:48:43;07] [00:49:44;05] Vamos terminar o tronco da forca. [00:49:46;10] [00:49:46;19] Vamos pegar a forca. Temos que terminar a forca. [00:49:53;00] [00:49:54;08] [Esfregando] [00:49:58;16] [00:50:44;28] ? [00:50:48;06]