• Project: • Original Title: • Translated Title: MCC CEA 708 Closed Captions • Translator: No Author • Language: English • Subtitles: 455 • Words: 4247 • Comment: • Client: • Creation Date: 15. Aug. 2018 • Revision: • Revision Date: 15. Aug. 2018 • Media File: No Media • Format: 29.97 NTSC DF • Offset: 00:00:00:00 [00:00:26;08] ? [00:00:29;04] [00:01:13;02] [Porta abrindo] [00:01:15;14] [00:01:37;19] [Sons de cacos no chão] [00:01:41;06] [00:02:30;24] A gente estava morando ali na Fernando Ferrari, [00:02:34;12] [00:02:34;29] ao lado da Santa Úrsula. [00:02:37;08] [00:02:37;15] Eu estava trabalhando lá na mesa [00:02:43;29] [00:02:44;09] peguei uma embalagem de papel celofane, [00:02:49;12] [00:02:50;00] amassei e joguei no cesto. [00:02:51;22] [00:03:05;01] E voltei a trabalhar. Mas comecei a ouvir um barulhinho. [00:03:08;24] [00:03:10;23] E... [00:03:12;18] [00:03:12;24] [Sons de cacos no chão] [00:03:15;00] [00:03:15;08] E era o papel celofane se movimentando. [00:03:18;08] [00:03:19;27] E aí eu comecei a listar uma série de elementos de interdição, [00:03:26;04] [00:03:26;14] ou física, concreta. [00:03:29;02] [00:03:29;10] Desde cercas e grades até [00:03:33;12] [00:03:34;28] interdições simbólicas, tipo cordinhas que o museu põe [00:03:38;00] [00:03:38;07] na frente de quadros, esse tipo de coisa. [00:03:40;11] [00:03:40;22] E imaginei que isso poderia funcionar como um labirinto [00:03:44;04] [00:03:44;27] de interdições que deixasse passar o olhar [00:03:48;29] [00:03:50;23] e que no centro teria essa bola de celofane. [00:03:55;07] [00:03:55;13] ? [00:04:00;14] [00:04:20;22] É um labirinto constituído de elementos [00:04:24;11] [00:04:24;19] de "obstaculização", de interdição [00:04:29;10] [00:04:29;23] e que o olhar possa atravessar. [00:04:33;00] [00:04:35;10] E no centro tem essa grande bola de papel celofane. [00:04:39;13] [00:04:40;04] [Cacos de vidro] [00:04:43;14] [00:05:00;16] Isso foi uma coisa à posteriori. [00:05:02;20] [00:05:02;29] Porque a primeira vez que eu fiz esse trabalho, [00:05:06;01] [00:05:06;12] eu fiz com um chão de vidro, era só a bola de papel celofane [00:05:09;28] [00:05:10;09] e um chão de vidro quebrado. [00:05:13;05] [00:05:14;10] E isso agregou à peça uma coisa interessante [00:05:18;19] [00:05:19;00] que é essa dramaticidade de você marchar em cima de vidro, [00:05:24;17] [00:05:24;24] quebrando os vidros enquanto você caminhava. [00:05:27;18] [00:05:27;27] E isso que acabei incorporando ao próprio trabalho. [00:05:30;27] [00:05:35;00] E aí eu me lembrei de uma experiência, por exemplo, [00:05:37;16] [00:05:37;25] aqui mesmo no Brasil, em Brasília ficou muito claro isso, [00:05:40;26] [00:05:41;07] porque a casa da minha mãe, quando ela mudou para lá em 1958, [00:05:45;27] [00:05:46;05] quando nós nos mudamos para lá, [00:05:48;07] [00:05:48;16] você acordava de manhã, o primeiro que acordava [00:05:51;00] [00:05:51;09] abria a porta, deixava aberta e ficava tranquilo. [00:05:54;08] [00:05:54;18] Depois de um determinado momento você precisava de fechar a porta, [00:05:58;13] [00:05:58;22] depois trancar a porta, fechar as janelas e... [00:06:02;00] [00:06:02;12] e hoje em dia a arquitetura brasileira, de uma certa maneira... [00:06:06;17] [00:06:06;23] não é essa daqui não... [00:06:09;16] [00:06:11;28] de uma certa maneira é sempre uma arquitetura mais às grades. [00:06:18;06] [00:06:18;18] Para o Cildo a memória, ou seja, a história é muito importante. [00:06:22;22] [00:06:23;03] E ele nunca está desligado da memória e da história. [00:06:26;14] [00:06:26;27] É uma história que leva a outra, que leva a outra, [00:06:29;21] [00:06:30;00] parece as "Mil e Uma Noites", que carrega a outra, [00:06:32;23] [00:06:33;03] e a outra, e daí você fica lá mil e uma noites sentado ouvindo, [00:06:37;00] [00:06:37;09] até que você diz: "Agora nós vamos embora". [00:06:40;06] [00:06:41;03] Em 1967, segundo semestre, eu tinha voltado da Bahia, [00:06:44;10] [00:06:44;18] fiquei aqui tentando fazer gravura, [00:06:46;24] [00:06:47;04] conheci Paraty através desse amigo das minhas primas, [00:06:52;01] [00:06:52;14] era um argentino: "Você não conhece Paraty, é um absurdo, brasileiro..." [00:06:59;06] [00:07:00;18] Aí, eu resolvi... [00:07:02;22] [00:07:03;03] passei na Casa Mattos, comprei um material de pintura, de desenho, [00:07:07;27] [00:07:08;05] e fui lá para Paraty e fiquei um mês. [00:07:09;27] [00:07:10;06] E estava interessado então nessas coisas mais... [00:07:13;28] [00:07:14;06] vamos dizer, muita geometria, muita objetividade. [00:07:22;15] [00:07:24;18] E isso foi até o começo de 69, [00:07:29;24] [00:07:30;04] eu fui para Paraty para fazer esses espaços virtuais, [00:07:32;27] [00:07:33;04] e os projetos desses volumes, [00:07:36;08] [00:07:36;16] e fui convidado para uma exposição aqui [00:07:39;06] [00:07:39;17] que eram cinco artistas por categoria, cinco escultores, cinco pintores... [00:07:43;23] [00:07:44;01] e eu tinha sido indicado em escultura. [00:07:46;26] [00:07:47;29] E o que aconteceu? [00:07:52;06] [00:07:53;19] Essa exposição era uma exposição [00:07:57;10] [00:07:57;23] que ia escolher a representação brasileira na Bienal de Paris de 1969. [00:08:02;06] [00:08:04;18] Com esses cinco artistas em cada mídia, em cada disciplina, [00:08:10;05] [00:08:10;28] eles iam escolher um artista de cada uma [00:08:14;11] [00:08:14;19] para ser a tal representação brasileira. [00:08:18;18] [00:08:18;24] Só que essa exposição [00:08:21;12] [00:08:22;05] 3 horas antes de inaugurar, ia ser às 6:00 da tarde no MAM, [00:08:26;16] [00:08:26;25] o MAM foi cercado pela polícia política, o DOPS, [00:08:30;24] [00:08:31;06] e o coronel Montanha foi conversar com o diretor que era o Maurício Roberto [00:08:36;16] [00:08:36;26] que era um dos três irmãos Robertos, arquitetos, [00:08:40;28] [00:08:41;09] e deu a ele três horas para ele desmontar a exposição toda. [00:08:44;20] [00:08:45;04] Isso virou um grande escândalo internacional, [00:08:47;15] [00:08:47;24] o boicote da Bienal de São Paulo durante dez anos [00:08:50;14] [00:08:50;22] foi por causa desse episódio. [00:08:54;08] [00:08:59;08] E a partir desse momento eu me senti, assim, [00:09:02;08] [00:09:02;18] impelido a produzir alguma coisa, quer dizer, no meu trabalho [00:09:06;20] [00:09:07;01] que se referisse à situação, quer dizer, política objetiva. [00:09:11;10] [00:09:12;29] Eu estou aqui nesse oeste, neste capitalismo selvagem [00:09:16;02] [00:09:16;12] para fazer uma conferência sobre Cildo Meireles. [00:09:18;25] [00:09:19;08] Eu não gosto de perspectivas, linhas, retas, aquelas coisas do Renascimento. [00:09:23;16] [00:09:23;25] Esse trabalho chama-se "Inserções em Circuitos Ideológicos", [00:09:30;23] [00:09:31;04] é uma atuação sobre o fetiche do dinheiro. [00:09:34;04] [00:09:34;15] E eu gosto disso. [00:09:36;26] [00:09:39;27] Vejamos como isso se passa em uma grande fábrica multinacional. [00:09:43;24] [00:09:45;02] Eu me identifico muito com esse trabalho artístico, [00:09:48;12] [00:09:48;22] porque eu também sou um produto da indústria do cinema. [00:09:51;16] [00:09:51;26] As garrafas circulam, giram, andam pelas cidades [00:09:57;04] [00:09:57;15] e retornam vazias, solitárias ao mundo asfixiante das fábricas. [00:10:02;19] [00:10:03;14] Esse projeto do Cildo Meireles é uma interferência no simbolismo do consumo. [00:10:08;29] [00:10:13;10] Este invisível que aparece num elementar sistema de trocas, [00:10:17;12] [00:10:18;11] as garrafas retornam, giram, andam pelas cidades [00:10:22;22] [00:10:23;03] até o momento que você torna visível uma prática de consumo. [00:10:27;13] [00:10:28;13] Você grava opiniões críticas nas garrafas, [00:10:31;15] [00:10:31;23] que depois são devolvidas à circulação. [00:10:34;19] [00:10:34;29] As garrafas andam, giram, percorrem as cidades, [00:10:39;02] [00:10:39;12] mas agora criticamente. Isso é diferente. [00:10:43;04] [00:10:43;10] Eu gosto disso. [00:10:45;01] [00:10:58;27] Creio que todos entenderam o sistema de Cildo Meireles. [00:11:02;04] [00:11:02;18] É uma prática de sonhos e de planos de sabotagem para a transformação social. [00:11:07;02] [00:11:08;02] Isso é visível, não é? [00:11:10;08] [00:11:13;20] Nem tudo que se passou no Rio Janeiro é Hélio Oiticica ou Lygia Clark. [00:11:17;24] [00:11:18;02] Existem muitos outros artistas, entende? [00:11:20;00] [00:11:20;10] E eu acho que nem tudo, quando falam, por exemplo, [00:11:23;20] [00:11:24;00] quando querem falar de uma raiz neoconcreta para o Cildo Meireles, [00:11:26;29] [00:11:27;10] eu me recuso a aceitar isso. Eu acho que o Cildo Meireles [00:11:30;10] [00:11:30;20] é um cara que nasce conceitual. Ele já nasce conceitual. [00:11:33;22] [00:11:33;29] É outra geração, é outra cabeça. [00:11:35;24] [00:12:27;09] 1969 no segundo semestre, aliás, 1967... [00:12:31;06] [00:12:31;17] eu estava começando a trabalhar nessa série dos Espaços Virtuais [00:12:36;22] [00:12:39;06] e, de repente, apareceram duas coisas. [00:12:42;11] [00:12:42;21] Eu costumo chamar isso de relâmpago que passa na sua cabeça, [00:12:47;23] [00:12:48;14] que você não consegue identificar exatamente o que é, [00:12:54;14] [00:12:54;20] a forma, a cor, [00:12:56;24] [00:12:57;29] eu associo isso muito ao "Contatos Imediatos" do Spielberg, [00:13:03;17] [00:13:03;27] então, a hora que ele está, que tem alguma coisa inquietando ele, [00:13:08;19] [00:13:08;27] daí ele está no aniversário do filho, [00:13:12;04] [00:13:12;13] de repente, ele entra em transe, pega o bolo, [00:13:14;16] [00:13:14;26] começa a botar sapato, começa a modelar uma coisa [00:13:17;18] [00:13:17;26] que era uma montanha que estava ali ao lado [00:13:20;00] [00:13:20;06] onde os caras estavam. [00:13:21;26] [00:13:22;05] É um processo parecido com essa coisa, assim. [00:13:25;24] [00:13:26;04] Passou pela minha cabeça duas coisas durante esse... [00:13:29;28] [00:13:30;09] eu estava em Santa Tereza ainda, durante o começo da... [00:13:34;23] [00:13:35;20] dos Espaços Virtuais. Um deles era definir, [00:13:39;20] [00:13:40;00] mas tinha a ver com o desejo que eu estava fazendo em Brasília [00:13:42;17] [00:13:42;24] um ou dois anos antes, de criar [00:13:46;01] [00:13:46;28] planos com interrupções de formas, por exemplo, [00:13:53;17] [00:13:53;27] se eu pegar isso daqui, nessa mesa e imaginar um corte aqui, [00:13:58;03] [00:13:58;11] então você teria um pedaço dessa pasta aqui, [00:14:00;23] [00:14:01;05] outro pedaço do livro lá, o tampo da mesa, da cadeira, [00:14:04;04] [00:14:04;14] da tela na parede e tal, você cria um plano virtual. [00:14:08;09] [00:14:10;16] Esse foi um dos projetos que tinha, de uma certa maneira, [00:14:14;15] [00:14:14;28] a ver com os espaços virtuais, mas outra coisa apareceu na minha cabeça, assim, [00:14:19;00] [00:14:19;09] e se por alguma razão que não interessa explicar [00:14:24;08] [00:14:24;15] alguém resolva acumular na mesma sala [00:14:27;13] [00:14:27;22] objetos na cor vermelha? Tudo de repente fosse vermelho com... [00:14:34;07] [00:14:34;24] Eu queria, vamos dizer assim, o vermelho natural industrial. [00:14:38;12] [00:14:38;23] [Água corrente] [00:14:41;11] [00:15:41;20] Aí, eu peguei, assim, uns dois ou três projetos que eu tinha, [00:15:44;22] [00:15:45;00] um essa sala, o outro uma garrafinha que estava por terra, [00:15:49;09] [00:15:49;20] mas como se estivesse caído, mas ela fazia uma poça de tinta [00:15:54;14] [00:15:56;23] desproporcionalmente grande em relação à capacidade da garrafinha, [00:16:03;10] [00:16:03;21] e a outra era uma pia que era inclinada [00:16:05;26] [00:16:06;06] com um jato de água, mais ou menos com 30 graus em relação ao chão. [00:16:12;10] [00:16:12;26] E eu achei que tinha um desencadeamento que me interessava [00:16:16;21] [00:16:17;00] porque era de falsas lógicas. Ou seja, [00:16:20;20] [00:16:21;00] aquele acúmulo de coisas vermelhas [00:16:23;09] [00:16:23;16] que eu chamo de "impregnação", [00:16:26;03] [00:16:26;13] aí você sai disso e tem uma garrafa com uma tinta vermelha no chão, [00:16:31;22] [00:16:32;03] e de um maneira aparentemente justifica o que você acabou de experimentar. [00:16:36;04] [00:16:36;16] Só que na verdade ela introduz a ideia de horizonte perfeito, [00:16:41;20] [00:16:42;00] que é a superfície de um líquido parado nesse movimento. [00:16:48;07] [00:16:50;05] Aí, você continua caminhando, bate nessa última sala que é escura [00:16:53;22] [00:16:54;00] que tem essa pia com água... [00:16:56;21] [00:16:57;01] que aí contradiz exatamente esse horizonte perfeito. [00:17:01;29] [00:17:02;10] Então, o trabalho era isso, tinha uma circularidade que me interessava, [00:17:05;06] [00:17:05;18] que a primeira coisa que você toma contato com essa peça [00:17:09;03] [00:17:09;12] é o som e monitor de televisão que é o som da pia. [00:17:15;11] [00:17:16;14] [Água corrente] [00:17:18;18] [00:18:59;04] Gostaram da sala? [00:19:00;10] [00:19:00;16] Gostamos. [00:19:02;04] [00:19:04;15] Foram até o final? [00:19:05;29] [00:19:06;05] Sim, fomos até na pia. [00:19:10;09] [00:19:11;24] Mas eu queria ouvir a sua opinião sobre o que você acha disso. [00:19:15;27] [00:19:17;04] O que você sentiu, vamos lá? [00:19:19;29] [00:19:21;01] O que você sentiu ao entrar em uma sala que é toda vermelha? [00:19:25;23] [00:19:26;01] Eu até comentei com o meu colega aí, [00:19:28;23] [00:19:29;05] não há limite para a imaginação. [00:19:32;07] [00:19:33;21] Dá uma certa agitação, né? Estar nesse ambiente vermelho. [00:19:37;29] [00:19:38;09] Mas sobretudo quando você caminha na sala escura. [00:19:41;29] [00:19:42;11] Eu vi uma pessoa entrando rapidamente, a pessoa escuta o som da água [00:19:46;24] [00:19:47;01] e acha que tem um lago na sua frente. [00:19:48;21] [00:19:48;29] E uma vez que você traga público, [00:19:51;05] [00:19:51;14] você vai trazer diversidade de percepção. [00:19:54;03] [00:19:54;10] E isso vai ampliar à beça o campo. [00:19:56;19] [00:19:56;27] Porque eu acredito muito na coisa do público, [00:19:59;19] [00:19:59;27] o público eu acho que é... [00:20:02;04] [00:20:02;22] O que é? E aquele para quem é feita [00:20:06;29] [00:20:07;12] para quem as coisas são feitas em arte, entendeu? [00:20:09;28] [00:20:10;08] Então, evidentemente, a parte importante, se não a mais importante, [00:20:14;01] [00:20:14;08] mas muito importante nessa estrutura aí. [00:20:16;08] [00:20:24;26] [Cildo Meireles] Um filme sobre artes plásticas, uma foto, um vídeo [00:20:28;10] [00:20:28;23] é muito diferente de uma experiência de você estar diante daquele objeto. [00:20:33;14] [00:20:40;28] Então, esse contato físico com a produção [00:20:44;12] [00:20:44;22] é fundamental para a evolução mesmo [00:20:47;24] [00:20:48;01] não só da... [00:20:50;12] [00:20:53;05] da linguagem, mas para a evolução da percepção dos objetos. [00:20:58;12] [00:20:59;15] ? [00:21:03;11] [00:21:23;19] ? [00:21:26;04] [00:21:34;16] No começo, pô, você é jovem, tem o pique, [00:21:37;20] [00:21:38;00] você gostaria de pensar e de materializar em seguida, [00:21:42;15] [00:21:42;27] mas às vezes por dificuldade de grana, de condições, você acaba não fazendo. [00:21:48;02] [00:21:48;15] Mas depois de um determinado momento eu comecei a gostar da possibilidade [00:21:53;05] [00:21:53;13] de deixar as ideias decantarem. [00:21:57;28] [00:21:58;08] Porque vai que nesse meio tempo apareça outro artista que faça aquilo, [00:22:01;19] [00:22:01;29] te economiza, você não precisa fazer porque alguém fez. [00:22:05;03] [00:22:05;15] Mas sempre que é possível... Eu anoto. Eu trabalho muito com anotação. [00:22:11;04] [00:22:14;03] Isso tem desde as primeiras anotações dos Espaços Virtuais, os microcadernos. [00:22:20;27] [00:22:26;29] E esse agora a gente está fazendo, exatamente concluindo, depois de seis, sete anos, [00:22:31;10] [00:22:31;20] a gente vai fazer o que seria a parede. [00:22:35;14] [00:22:37;10] Eu acho que tem um desenho lá. [00:22:39;04] [00:22:51;26] As primeiras anotações para esse trabalho estão nesse caderno. [00:22:57;22] [00:23:16;19] Então, na verdade, é um grupo de trabalhos que eu comecei a fazer [00:23:20;01] [00:23:20;10] no segundo semestre de 1967, em Santa Tereza, [00:23:24;20] [00:23:25;13] e depois em Paraty eu trabalhei muito nos volumes virtuais, [00:23:29;24] [00:23:30;06] em 1968, segundo semestre, e primeiro semestre de 1969 [00:23:34;24] [00:23:35;03] e as ocupações são também dessa época. [00:23:37;14] [00:23:37;27] Esse daqui foi na verdade o momento em que eu padronizei a proporção e tal. [00:23:42;20] [00:23:45;07] Em 1974, 75, quando eu estava fazendo quatro e tantos [00:23:50;07] [00:23:50;15] para exposição do Luiz Buarque de Hollanda [00:23:54;04] [00:23:54;11] já nesse tamanho final. Espaços Virtuais, é. [00:23:58;11] [00:23:58;24] E esse é da série Espaços Virtuais. [00:24:01;24] [00:24:02;05] São mais recentes porque já são... [00:24:05;10] [00:24:05;18] já está na proporção final. [00:24:07;18] [00:24:09;03] [Som de ondas] [00:24:11;13] [00:24:15;17] [Mulher narrando] A linha do horizonte, um olho como centro. [00:24:19;08] [00:24:25;05] O olhar burguês inventou a perspectiva. [00:24:28;21] [00:24:28;29] A ordem calculada do real. [00:24:32;00] [00:24:33;00] ? [00:24:35;17] [00:24:40;19] Espaços Virtuais, Cantos. De 1968. [00:24:45;28] [00:24:52;18] O artista o construiu com uma altura maior que os cantos normais das casas. [00:24:58;14] [00:25:00;27] O olho sobre as leis da perspectiva. [00:25:04;18] [00:25:05;01] O trabalho marca o ponto de estrangulamento do espaço euclidiano. [00:25:09;22] [00:25:37;17] Esse é o processo da base. [00:25:39;23] [00:25:40;02] Nos cantos você precisa trabalhar taco por taco. [00:25:44;08] [00:25:44;17] Você está vendo? Você tem que colar um por um. [00:25:47;03] [00:25:47;18] Só que este taco aqui é um taco normal, o taco que vai entrar aqui é sob medida. [00:25:51;21] [00:25:52;00] Ele tem que ser feito com aquelas madeiras que estão ali. [00:25:54;15] [00:26:00;15] Você vê que eles não são... têm medidas diferentes. [00:26:04;09] [00:26:04;16] Então, são tacos que têm que ser preparados. [00:26:07;03] [00:26:07;14] Porque esses tacos aqui são os tacos normais de fábrica. [00:26:10;13] [00:26:10;24] Mas esses daqui têm que ser feitos sob a medida do projeto. [00:26:14;09] [00:26:15;00] Então, tem que fazer um por um. [00:26:17;14] [00:26:17;23] É onde o Valdir entra fazendo essa marcação [00:26:20;16] [00:26:21;01] e depois ele entra na serra fazendo cada um taco desses pela medida que tem aqui. [00:26:26;06] [00:26:26;13] E a mesma coisa são os rodapés. [00:26:29;08] [00:26:29;16] Os rodapés, você prepara ele todo primeiro. [00:26:32;07] [00:26:32;17] E nesse processo que está, depois entra a pintura, [00:26:34;24] [00:26:35;01] e tem que morrer tudo no acabamento perfeito. [00:26:39;06] [00:26:39;17] Tem que ser... naquele fechamento, você vê daqui pra lá, [00:26:43;06] [00:26:43;14] você vê que a junção tem que ser perfeita. [00:26:46;24] [00:26:47;09] A gente procura sempre [00:26:49;28] [00:26:50;23] trabalhar o melhor nesse ponto, é onde o Cildo... [00:26:53;29] [00:26:54;07] é o olho clínico dele, né? [00:26:55;27] [00:27:12;28] [Serra cortando] [00:27:15;06] [00:27:37;24] Este então é o 58. [00:27:40;19] [00:27:54;11] Estamos mais perto de acabar. [00:27:56;24] [00:27:58;24] Só faltam 28. [00:28:01;24] [00:28:10;13] [Compressor ligado] [00:28:15;13] [00:28:43;05] Agora nós vamos ver se está batendo certinho. [00:28:45;24] [00:28:46;04] [Valdir] E agora está pintado. [Rubens] Está pintado. [00:28:49;11] [00:28:54;13] [Serra] [00:28:57;19] [00:29:11;11] E aqui a gente vive à cata de milímetros. [00:29:14;10] [00:29:16;11] Eu até brinco com o Rubens que foi inventada a nova medida: [00:29:20;02] [00:29:20;11] que é um Cildo, que dois Cildos fazem um milímetro. [00:29:24;09] [00:29:32;25] Essa daqui? Essas? [00:29:35;14] [00:29:35;20] Essas peças é o cinza. [00:29:37;25] [00:29:39;15] Nesses tubos aqui tem as telas do "Para Pedro". [00:29:44;20] [00:29:45;04] E aqui dando continuidade aos Cantos, [00:29:49;08] [00:29:49;17] tem o Espaços Virtuais - Cantos. 7-B. [00:29:53;13] [00:29:54;10] Aqui tem o 6-B, [00:29:58;12] [00:29:58;22] que é Espaços Virtuais, e aqui é Canto. Canto 1-A. [00:30:02;15] [00:30:49;16] Nas duas paredes é o quê? Taco normal, né? [00:30:52;03] [00:30:52;10] [Valdir] É taco normal. [00:30:53;29] [00:30:54;10] Mas daí a gente pode usar os outros, quer dizer, já tem taco pra isso. [00:30:57;24] [00:30:58;01] Porque esses são bem mais largos. [00:31:00;08] [00:31:01;13] Porque eu acho que dá para completar. [00:31:05;14] [00:31:06;05] Senão, esse fornecedor promete. [00:31:09;23] [00:31:10;29] [Rubens] Não, a madeira está legal. [00:31:13;24] [00:31:14;11] [Valdir] Eu tô vendo é que vai ter muita coisa pra trocar, Rubens. [00:31:17;17] [00:31:18;12] [Rubens] Mas por quê? Por causa dessa cor aí, cara? [00:31:21;02] [00:31:21;11] [Valdir] E o desenho também, né? Tem muita... [00:31:23;25] [00:31:24;03] [Rubens] Tem que deixar ele chegar, cara. [00:31:26;05] [00:31:26;14] [Valdir] É. Tem que esperar ele mesmo. [00:31:28;29] [00:31:29;11] [Rubens] Mas nesse meio tempo o quê? Vamos trabalhando no outro? [00:31:32;06] [00:31:32;15] [Valdir] É, a gente começa a montar o outro. [00:31:36;19] [00:32:45;16] Conversando com ele, você vê o intrincado das ideias dele, [00:32:49;19] [00:32:49;26] como um pensamento leva a outro. [00:32:51;26] [00:32:52;07] Então, o Cildo é um filósofo da arte, sem qualquer dúvida. [00:32:55;22] [00:32:56;02] Quando você vê ele falando, dissertando sobre o trabalho dele, [00:32:59;28] [00:33:00;08] você vê que ele pensa. [00:33:02;14] [00:33:02;20] ? [00:33:04;16] [00:33:25;16] ? [00:33:28;28] [00:34:04;25] Em Yaripo a palavra [00:34:08;01] [00:34:08;10] em português, "o pico do vento, do temporal". [00:34:14;27] [00:34:17;00] [Dialeto ianomâmi] [00:34:20;06] [00:34:27;20] Antes do dilúvio [00:34:29;22] [00:34:30;19] os ianomâmis existiam [00:34:34;03] [00:34:34;10] em população bem reduzida. [00:34:40;03] [00:34:40;24] [Dialeto ianomâmi] [00:34:43;21] [00:35:01;04] Depois disso veio a guerra de doença, muita peste, muito grande. [00:35:06;28] [00:35:07;04] Aonde aconteceu [00:35:09;03] [00:35:09;10] muita, muita morte dos ianomâmis, [00:35:12;08] [00:35:12;15] até hoje está espalhado a caveira, a ossada. [00:35:17;22] [00:35:18;07] A gente tem pra gente que aquele é um momento sagrado [00:35:23;24] [00:35:24;02] para os nossos ancestrais, [00:35:26;16] [00:35:26;27] onde os nossos grandes homens pereceram e lá eles estão. [00:35:32;11] [00:36:16;20] A ideia era pegar o ponto mais alto do Brasil. [00:36:19;14] [00:36:19;21] Artes Físicas, Fronteiras, Verticais. [00:36:22;07] [00:36:23;25] Está escrito aqui, né? Em algum momento aqui. [00:36:28;00] [00:36:29;10] Retirar um centímetro do ponto mais alto [00:36:32;06] [00:36:33;21] e colocar no lugar [00:36:35;29] [00:36:36;10] dois centímetros de um elemento vindo do solo brasileiro, [00:36:42;11] [00:36:42;19] diamante, ouro. E no caso usamos kimberlito, [00:36:46;17] [00:36:46;27] que é essa rocha [00:36:51;08] [00:36:51;20] que é formada no magma interior da Terra [00:36:57;25] [00:36:58;02] e volta e meia é expulsa até a superfície. [00:37:01;20] [00:37:02;04] E é o veículo do diamante. O diamante normalmente chega à superfície da Terra [00:37:07;18] [00:37:07;28] levado pelo kimberlito, por essa formação rochosa. [00:37:12;05] [00:37:13;13] E foi o que a gente colocou no Pico da Neblina, em Yaripo. [00:37:17;20] [00:37:17;28] O Cildo tem tanto projeto guardado [00:37:21;10] [00:37:21;20] "in the back of his mind" - dentro da sua cabeça - [00:37:25;01] [00:37:25;12] que é muito difícil imaginar que ele possa dar à luz tudo. [00:37:29;21] [00:37:30;01] Mas ele tira do bolso, assim, se você vai fazer uma exposição dele, [00:37:33;11] [00:37:33;21] ele tem coisas para apresentar, ele tem sempre um pequeno projeto [00:37:36;25] [00:37:37;06] que pode parecer pequeno, mas que encerra uma reflexão. [00:37:41;24] [00:37:43;04] [Canto ianomâmi] [00:37:47;09] [00:38:08;18] Esse projeto é parte de uma série que eu comecei em 69 [00:38:14;21] [00:38:15;00] chamado "Arte Física", porque dependia de um desempenho físico, [00:38:18;18] [00:38:19;02] de uma performance física. E esse no caso foi legal não ter feito na época, e, 69, [00:38:24;26] [00:38:25;06] porque na época o ponto mais alto do Brasil era o Pico da Bandeira. [00:38:29;06] [00:38:30;11] Quando apareceu uma proposta de fazer em 1997, [00:38:35;05] [00:38:35;13] com uma certa produção, com dinheiro, tal, [00:38:38;23] [00:38:40;03] já tinha mudado. Não era mais o Pico da Bandeira, [00:38:42;10] [00:38:42;18] era o Pico da Neblina, em Roraima. [00:38:46;07] [00:38:49;02] Mas aí houve um desentendimento, eu acabei não fazendo. [00:38:53;09] [00:38:54;03] E quando voltei agora, nesse meio tempo, [00:38:56;21] [00:38:57;00] eu soube que mudou outra vez do Pico da Neblina [00:38:59;12] [00:38:59;25] para a Serra daqui de Caparaó, voltou para perto do Pico da Bandeira outra vez. [00:39:04;05] [00:39:04;12] Mas finalmente quando apareceu a oportunidade [00:39:07;24] [00:39:08;01] agora em 2014, 2015 de fazer esse projeto, [00:39:12;21] [00:39:13;01] na verdade, foi sugerido pela curadora, [00:39:15;13] [00:39:15;21] que é a Aracy Amaral, lá de São Paulo, ela conhecia o projeto, [00:39:19;14] [00:39:19;21] já voltado para o Pico da Neblina, [00:39:21;28] [00:39:22;08] mas daí com um equipamento mais sofisticado, de mensuração. [00:39:25;20] [00:39:26;15] Foram sete meses de espera para poder fazer o trabalho. [00:39:30;17] [00:39:30;26] Tivemos que esperar passar a época da chuva, [00:39:34;04] [00:39:34;13] tivemos que esperar passar o conselho Ianomâmi, [00:39:37;21] [00:39:38;00] tivemos que esperar o conselho aprovar em princípio [00:39:41;20] [00:39:42;00] que fosse feito um trabalho lá no Pico da Neblina, [00:39:46;00] [00:39:46;14] e tivemos que esperar também, daí, o Cildo, [00:39:49;19] [00:39:50;00] arcou com as despesas de trazer um índio ianomâmi para cá, [00:39:53;09] [00:39:53;16] um membro do Conselho Ianomâmi, [00:39:55;15] [00:39:55;26] que quis vir para São Paulo para saber o que é um museu. [00:39:58;19] [00:40:02;03] O chefe do Conselho Ianomâmi, [00:40:04;05] [00:40:04;15] o Cildo explicando para ele o que é a pedra que nós vamos colocar, [00:40:08;05] [00:40:08;14] que nós íamos colocar em cima do Pico da Neblina. [00:40:11;18] [00:40:16;11] Isso aqui em Inhotim, está vendo? [00:40:18;26] [00:40:19;02] Ai, meu Deus. [00:40:21;11] [00:40:23;15] Essas imagens aqui são muito lentas. Aqui. [00:40:27;06] [00:40:34;26] Aqui a reunião no Museu de Arte Moderna. [00:40:39;29] [00:40:41;01] O Cildo, o Ianomâmi, o Édouard, eu... [00:40:43;25] [00:40:44;12] Ele falou: "Tudo bem". Ele fez uma leitura das condições, [00:40:49;12] [00:40:49;19] da respeitabilidade do Pico da Neblina, [00:40:52;17] [00:40:52;24] que para eles é uma montanha sagrada, [00:40:55;01] [00:40:55;09] é um lugar de reflexão, eles não deixam qualquer um entrar, [00:40:59;12] [00:40:59;22] é perto da fronteira, acho que é a 20 km da fronteira da Venezuela, [00:41:03;21] [00:41:04;05] é constante lugar de atritos e que pressupõe a presença de ianomâmis para ajudar [00:41:09;05] [00:41:09;16] a expedição chegar lá. E é claro, quando o Cildo tinha 19 anos, [00:41:13;22] [00:41:14;01] isso daí era muito simples de pensar de ele ir. [00:41:16;14] [00:41:16;21] E hoje como ele não tem a mesma idade, [00:41:19;04] [00:41:19;13] ele teve contar justamente com uma pessoa. [00:41:22;11] [00:41:22;21] Aí eu conversei com esse amigo, Édouard Fraipont, fotógrafo, [00:41:27;04] [00:41:27;25] e que tinha condição física de subir aquilo lá, porque [00:41:30;20] [00:41:30;29] antigamente acho que tinha um voo até próximo, [00:41:34;11] [00:41:34;19] São Gabriel da Fronteira, alguma coisa assim... [00:41:36;16] [00:41:36;23] [Entrevistador] Da Cachoeira. [00:41:37;21] [00:41:37;28] Da Cachoeira, mas eles fizeram de barco, [00:41:40;19] [00:41:40;28] são dias dentro de barco, anda de barco [00:41:43;22] [00:41:44;02] e depois mais três dias subindo. E Yaripo que é a montanha sagrada [00:41:49;25] [00:41:50;01] dos ianomâmis. [00:41:53;21] [00:41:54;27] [Cantos ianomâmis] [00:41:59;09] [00:42:34;22] [Sons da floresta] [00:42:36;22] [00:42:50;28] Foram dez dias de expedição. Eram cinco dias caminhando até chegar no topo [00:42:56;20] [00:42:56;28] e a gente ficou no topo três noites [00:43:01;06] [00:43:01;17] e dois dias completos. E a volta, a gente acabou voltando mais rápido, [00:43:05;11] [00:43:05;18] foi feita em três dias caminhando. [00:43:07;21] [00:43:09;07] Então essa é a parte mais, assim, do caminhar e tal. [00:43:12;05] [00:43:12;13] Antes disso, você tem que chegar na aldeia, [00:43:14;17] [00:43:14;29] mas daí você pro barco, pro carro, mas daí é tudo um pouco longe, [00:43:17;29] [00:43:18;07] porque você sai de uma aldeia indígena, ianomâmi. [00:43:22;10] [00:43:22;21] Para você fazer alguma coisa lá você precisa da permissão deles. [00:43:25;28] [00:43:26;06] E eles queriam contar um pouco da história deles. [00:43:28;29] [00:43:29;11] Então, uma das coisas era assim, [00:43:31;05] [00:43:31;14] eles escreveram um texto que foi para o catálogo da exposição, [00:43:36;24] [00:43:37;02] que estava na parede da exposição, [00:43:39;09] [00:43:39;17] que conta um pouco da história do Yaripo, [00:43:41;13] [00:43:41;27] que é o nome da montanha, do Pico da Neblina em ianomâmi, eles chamam de Yaripo. [00:43:47;01] [00:43:47;13] E ali a gente teve mais uma reunião com as lideranças que estavam ali, locais, [00:43:53;03] [00:43:56;09] com os Tuchawas, né? Ia explicando o projeto e tal. [00:44:00;14] [00:44:01;14] E é isso, deram o acordo e no dia seguinte saímos para a expedição. [00:44:06;15] [00:44:07;23] Aqui é o acampamento base, é o último acampamento [00:44:12;16] [00:44:12;28] que você tem antes de subir lá em cima. [00:44:14;29] [00:44:15;08] Depois a gente ficou acampado aqui em cima. [00:44:17;27] [00:44:18;08] E aqui você está a umas seis horas, tem uma floresta de bromélias, assim. [00:44:23;22] [00:44:24;01] É bastante complicado de andar, é muito barro. [00:44:27;16] [00:44:27;23] E aí depois você faz a subida. [00:44:29;23] [00:44:51;19] E aqui então tem uma sequência que mostra a intervenção [00:44:57;24] [00:44:58;00] nessa pedra lá em cima. [00:45:03;22] [00:45:06;26] Só para a gente ter uma ideia, assim, aqui tem uma amostra... [00:45:10;26] [00:45:11;06] aqui já está realizado com essa ponta aqui que a gente botou a mais. [00:45:16;03] [00:45:16;28] Mas você vê como que é a pedra, assim, mais geral. [00:45:20;14] [00:45:20;24] É que na verdade ali no topo, o que acontece? [00:45:23;29] [00:45:24;07] Tem uma pedra que tem um monte de pedra em cima, [00:45:28;25] [00:45:29;06] tem uma bandeira, ela já está toda meio artificial ali, sabe? [00:45:33;04] [00:45:33;15] Tem um pouco de concreto. Aí fomos tirando essas coisas, [00:45:36;24] [00:45:37;03] tirando umas partes de concreto, uns parafusos, [00:45:40;08] [00:45:40;18] mas mesmo assim tem a bandeira do exército e você não pode mexer, [00:45:44;27] [00:45:45;09] ela está com umas pedras, então, tem toda uma tralha, assim. [00:45:49;09] [00:45:49;19] E aí a gente pegou uma outra do lado que está na mesma altura, assim. [00:45:55;21] [00:45:56;06] Porque são... tinha três pontos ali que eram os mais altos. [00:46:01;05] [00:46:01;15] E aí acabei escolhendo esse para fazer o trabalho. [00:46:05;07] [00:46:05;15] A gente vê aqui então a pedra mais alta, [00:46:09;13] [00:46:09;23] e a ponta dela, a mais alta aqui, essa coisinha pequenininha aqui, [00:46:14;01] [00:46:14;14] então, essa coisa pequena aqui é que foi arrancada de lá [00:46:18;09] [00:46:18;23] e que eu levei de volta para entregar para o Cildo, que a gente vê ela aqui, né, [00:46:24;24] [00:46:25;05] no dedo do Cildo, para você ver como é uma coisa mínima. [00:46:28;27] [00:46:30;01] O Cildo queria ficar com essa pedra mais alta, [00:46:33;17] [00:46:33;24] é como uma joia para uma outra. [00:46:37;11] [00:46:37;21] Eu acho que tem um pouco essa ideia, assim. [00:46:40;03] [00:46:40;15] Então, você retira aquela pedrinha mais alta, que ela tem um símbolo, [00:46:44;16] [00:46:44;24] de ser a pedra mais alta do país [00:46:47;27] [00:46:48;10] e você coloca outra no lugar. Acho que a questão é você retirar isso e trazer, [00:46:53;21] [00:46:54;03] ficar com o Cildo, você ter esse resquício dessa ação. [00:47:01;04] [00:47:02;14] E no lugar... que não é exatamente no lugar, [00:47:06;24] [00:47:07;03] porque ela foi encaixada por trás uma outra pedra [00:47:10;24] [00:47:11;01] que é o kimberlito, [00:47:13;17] [00:47:13;28] que é aquela pedra que vem lá do magma, das profundezas da Terra, [00:47:17;22] [00:47:18;05] que também tem essa ideia de você pegar uma coisa lá da profundeza [00:47:20;23] [00:47:21;03] e botar lá no ponto mais alto do Brasil. [00:47:24;17] [00:47:24;27] Então, aqui mostra fazendo. A gente colocou ela por trás ali e [00:47:30;07] [00:47:30;15] colei ela com cera de abelha, [00:47:36;06] [00:47:37;11] que o guia ianomâmi pegou para a gente, [00:47:40;13] [00:47:40;21] e depois ainda com maçarico ali para moldar a coisa [00:47:45;14] [00:47:45;25] e depois ainda passou um pouco de terra do local, assim, [00:47:48;10] [00:47:48;22] para dar uma disfarçada na coisa e meio que um selada também. [00:47:54;23] [00:47:55;03] Pronto. Foi assim que foi colado. [00:47:57;14] [00:47:57;27] E a gente vê aqui, o vermelho aqui [00:48:01;20] [00:48:02;01] é, digamos, como ficou a pedra depois que eu tirei essa pontinha, [00:48:07;01] [00:48:07;22] que tem 1 cm. E aí, com o kimberlito que vem encaixado por trás [00:48:13;20] [00:48:14;01] aumentou uns 2,5 cm quase. E aí deu uma diferença de 1,5 cm. [00:48:19;03] [00:48:19;13] Então o país ficou mais alto em 1,5 cm depois dessa intervenção. [00:48:25;18] [00:48:30;19] Tinha que cortar ela meio que na diagonal aqui, [00:48:34;29] [00:48:35;11] tirar fora essa coisa aqui. Ela vai encaixar melhor. Né? [00:48:38;24] [00:48:45;17] Esse aqui... dá pra fazer isso. [00:48:50;12] [00:48:53;25] [Som da chama do maçarico] [00:48:59;15] [00:49:48;07] [Cantos ianomâmis] [00:49:52;20] [00:49:59;23] ? [00:50:03;00]