• Project: • Original Title: • Translated Title: MCC CEA 708 Closed Captions • Translator: No Author • Language: English • Subtitles: 388 • Words: 2954 • Comment: • Client: • Creation Date: 15. Aug. 2018 • Revision: • Revision Date: 15. Aug. 2018 • Media File: No Media • Format: 29.97 NTSC DF • Offset: 00:00:00:00 [00:00:37;08] ? [00:00:41;19] [00:01:34;15] ? [00:01:37;06] [00:03:09;13] Quando as pessoas vêm aqui e passam mais tempo aqui, [00:03:12;18] [00:03:12;25] acho que elas têm uma relação diferente [00:03:14;27] [00:03:15;04] com a obra de arte do que em um museu, [00:03:17;27] [00:03:18;04] porque há a integração com a natureza. [00:03:21;06] [00:03:21;13] Não existe o mesmo tipo de separação rígida [00:03:24;23] [00:03:25;01] entre a obra de arte e o visitante. [00:03:27;07] [00:03:27;16] Então, espera-se que sejam mais experiências [00:03:29;21] [00:03:29;28] do que somente obras de arte. [00:03:31;13] [00:03:31;22] Claro que já houve esculturas e outras situações [00:03:35;08] [00:03:35;17] em que a arte foi mostrada integrada à natureza, [00:03:38;22] [00:03:38;29] mas nesta escala [00:03:41;05] [00:03:41;12] e com uma variedade tão grande [00:03:44;07] [00:03:44;15] de ambientes naturais na mesma localidade, [00:03:47;11] [00:03:47;19] acho que nunca havia sido feito antes. [00:03:51;01] [00:03:55;09] ? [00:03:58;03] [00:05:44;05] A ideia, desde sempre, [00:05:46;01] [00:05:46;10] pelo menos desde que eu entrei no projeto, [00:05:49;00] [00:05:49;07] foi de criar uma experiência única [00:05:51;23] [00:05:52;01] em que as pessoas podem andar pela natureza [00:05:54;04] [00:05:54;11] e ver arte sem necessariamente saber [00:05:57;03] [00:05:57;11] que é com isso que elas entrarão em contato. [00:05:59;28] [00:06:00;05] Por você estar andando pela natureza, [00:06:02;24] [00:06:03;03] vivenciando, sentindo o cheiro, vendo, [00:06:05;20] [00:06:05;28] sentindo a magnitude, andando pelos jardins [00:06:08;14] [00:06:08;22] que foram projetados com o mesmo cuidado [00:06:11;16] [00:06:11;22] que um artista teria. [00:06:14;12] [00:06:14;18] É muito profundo. [00:06:16;27] [00:06:17;06] Então, espera-se que se diminua a barreira [00:06:19;05] [00:06:19;11] que muitas vezes separa [00:06:21;08] [00:06:21;16] ou cria uma divisão hierárquica [00:06:24;15] [00:06:24;22] entre obra de arte e o apreciador. [00:06:26;10] [00:06:26;19] Os jardins mudam a percepção das pessoas [00:06:29;10] [00:06:29;17] com relação às obras o tempo todo, [00:06:32;06] [00:06:32;15] mesmo as que estão dentro das galerias. [00:06:34;25] [00:06:35;06] E as obras de arte mudam também a percepção do visitante [00:06:40;22] [00:06:40;29] com relação aos jardins o tempo todo, [00:06:44;00] [00:06:44;18] mesmo que os visitantes estejam dentro das galerias. [00:06:47;12] [00:07:21;24] Essas daqui já são árvores não frutíferas. [00:07:25;14] [00:07:42;12] Quando ela foi plantada aqui, [00:07:45;13] [00:07:46;01] ela foi trazida mais ou menos dessa espessura. [00:07:49;17] [00:07:49;26] Hoje ela já está assim. E continua crescendo cada vez mais. [00:07:55;10] [00:07:56;26] Outra. [00:07:58;26] [00:07:59;14] Gravitar. [00:08:01;03] [00:08:01;10] E as cinco vão formar uma copa única. [00:08:05;27] [00:08:07;05] Para dar essa impressão de que a árvore de bronze [00:08:09;22] [00:08:10;00] que tem essa copa e que está sendo sustentada [00:08:12;19] [00:08:12;27] por essas outras árvores naturais. [00:08:17;24] [00:08:29;06] Uma dimensão extraordinária de bronze, de natureza, [00:08:35;00] [00:08:39;01] de generosidade, de espaço. [00:08:41;18] [00:08:41;24] Generosidade de... [00:08:43;13] [00:08:43;20] Olha o pano de fundo para essa obra, [00:08:45;29] [00:08:46;13] olha que coisa magnífica, floresta de eucalipto mais antiga de Minas Gerais, [00:08:51;14] [00:08:51;22] de reflorestamento, são 250 hectares, [00:08:55;18] [00:08:55;27] para preservação inclusiva da natureza. [00:08:59;26] [00:09:00;26] E a recuperação de uma área que era de pasto. [00:09:03;25] [00:09:04;07] Então, tudo isso faz uma composição estética [00:09:09;02] [00:09:09;11] e funcional onde um acervo alimenta o outro. [00:09:14;25] [00:09:15;02] Eles se complementam e criam condições [00:09:17;01] [00:09:17;12] para transformá-los em mais do que eles são isoladamente. [00:09:23;09] [00:09:23;18] Existe uma sinergia entre o acervo botânico e o acervo artístico [00:09:29;22] [00:09:30;02] que algumas são casuais e outras são propositais. [00:09:35;08] [00:09:35;19] Então, a inserção de algumas obras em espaços de jardins [00:09:39;27] [00:09:40;07] elas têm um cuidado que não é só o estético conceitual [00:09:46;23] [00:09:47;05] ou formal das obras de arte. Elas estão relacionadas com o ambiente. [00:09:51;22] [00:09:52;02] Diferente de você pensar qualquer uma dessas obras [00:09:55;10] [00:09:55;17] dentro de um cubo branco. [00:09:57;07] [00:09:57;19] Então, quando você coloca isso dentro de um ambiente vivo, [00:09:59;29] [00:10:00;09] dinâmico, que também é outra coleção, tudo muda. [00:10:04;16] [00:10:04;24] Tudo é amplificado e fica mais complexo [00:10:08;14] [00:10:08;21] e fica mais difícil, fica mais desafiador. [00:10:11;15] [00:10:16;20] Talvez a gente devesse conversar por agora com o Penone [00:10:20;13] [00:10:20;23] para saber, inclusive, se ele gostaria de manejar [00:10:23;22] [00:10:24;04] os galhos das árvores de alguma forma para tentar [00:10:28;03] [00:10:30;01] prover, proporcionar uma... [00:10:34;01] [00:10:35;01] essa copa um pouco mais unificada ou não, [00:10:38;06] [00:10:38;16] a gente sabe que ele gosta muito desse processo natural [00:10:41;26] [00:10:42;05] de interferência de objetos construídos por ele. [00:10:47;06] [00:10:48;13] Talvez seja... seria muito bom ouvi-lo. [00:10:52;08] [00:10:52;15] É muito bom ter acesso ao artista [00:10:55;05] [00:10:55;15] e conversar com ele e entender coisas dele enquanto ele está vivo. [00:10:59;01] [00:10:59;12] Porque a gente fica fazendo suposições depois que ele [00:11:02;01] [00:11:02;11] já não está entre nós, ou criando uma série de especulações. [00:11:06;04] [00:11:07;06] Vamos fazer isso, vamos conversar com o Penone de novo. [00:11:09;22] [00:11:10;07] Já faz muito tempo que fizemos essa obra e está na hora de conversar com ele de novo. [00:11:14;00] [00:12:30;01] Acho que o artista percebeu que falar para o ser humano [00:12:32;02] [00:12:32;13] e falar com liberdade é poder falar para todos os sentidos. [00:12:35;03] [00:12:35;17] Não só para fazer a apologia de uma cena ou de uma imagem ou de uma circunstância, [00:12:39;17] [00:12:39;29] mas falar para um sujeito que existe em linguagens diversas. [00:12:44;09] [00:12:44;17] A gente existe, somos o depositário de sentidos [00:12:48;10] [00:12:48;21] dos mais diversos. Então, por que privilegiar um em função de outro? [00:12:52;23] [00:12:53;00] Quando você vai observar um quadro, [00:12:54;24] [00:12:55;01] é seu corpo inteiro que observa o quadro. [00:12:57;03] [00:12:57;13] No entanto, você está estimulando só o aparato ótico, visual. [00:13:02;07] [00:13:02;17] Quando você está olhando o quadro e toca o telefone, [00:13:05;12] [00:13:05;21] esse telefonema que a gente ouviu agora no atender, [00:13:08;16] [00:13:08;24] será que ele não entra na formação do sentido, [00:13:10;18] [00:13:10;27] na sua percepção daquilo? Sim, entra. [00:13:12;26] [00:13:13;05] Sutilmente, porque você é capaz de abstrair aquilo, [00:13:15;17] [00:13:15;27] mas não abstrair as coisas e tentar fazer uma arte [00:13:19;07] [00:13:19;15] que integre os sentidos do sujeito [00:13:21;29] [00:13:22;06] é fazer uma arte que é muito mais acessível, [00:13:24;20] [00:13:25;01] fazer uma arte que é muito mais própria a que haja uma compreensão ampla [00:13:31;00] [00:13:31;08] daquilo que se pretende apresentar, revelar. [00:13:35;09] [00:14:23;00] ? [00:14:27;15] [00:14:45;19] Quando está no inverno, [00:14:49;11] [00:14:50;10] na época do inverno já começou, já... [00:14:53;08] [00:14:53;15] mas não começou, não, estamos no outono, [00:14:55;26] [00:14:56;04] mas daqui um mês, lá pra junho, [00:14:59;01] [00:14:59;09] ela começa a ficar toda avermelhada, [00:15:01;23] [00:15:02;00] esses taxoides na beira do lago, [00:15:04;29] [00:15:05;05] ele fica vermelho. [00:15:08;00] [00:15:09;14] Ali o "True Rouge", né? [00:15:11;18] [00:15:12;04] Os jardins não são só um mero descanso dos olhos entre as galerias, [00:15:17;09] [00:15:17;20] eles são também um corpo significativo e significante [00:15:21;28] [00:15:22;07] com o qual podemos, a arte contemporânea, ter relações. [00:15:25;29] [00:15:26;10] Inclusive, a arte contemporânea tem um conjunto de vocabulário [00:15:31;14] [00:15:31;25] filosófico, artístico que remete para conceitos botânicos, [00:15:37;13] [00:15:37;20] rizoma, polinização, hibridização, [00:15:40;26] [00:15:41;04] como poder fazer essas pontes [00:15:44;05] [00:15:44;14] de um modo que nos permita alicerçar também algo [00:15:48;00] [00:15:48;12] que foi plantado lá atrás quando se criou esse parque, [00:15:51;07] [00:15:51;17] quando esse criou a ideia de uma galeria, galerias abertas, [00:15:55;02] [00:15:55;12] quando se criou a ideia de deslocamento entre percurso. [00:15:57;28] [00:15:58;09] ? [00:16:01;28] [00:17:38;01] ? [00:17:40;29] [00:17:59;17] ? [00:18:03;14] [00:21:06;01] Existe muita morte rondando. Muita ameaça. [00:21:12;11] [00:21:12;19] Seja ela a violência da cidade, [00:21:14;14] [00:21:14;23] seja ela a poluição dos carros, seja ela o ruído [00:21:18;20] [00:21:18;27] que é gerado pelo homem. [00:21:22;28] [00:21:23;08] Inhotim é um refúgio. [00:21:25;04] [00:21:25;16] É um refúgio para as pessoas, é um refúgio para as plantas, [00:21:28;07] [00:21:28;14] é um refúgio para as obras de arte, [00:21:30;06] [00:21:30;17] é um refúgio para os animais. É um refúgio para a vida. [00:21:33;13] [00:21:34;01] Eu acho que tem uma outra relação que é uma relação natural, [00:21:36;17] [00:21:36;28] é uma área de mineração onde a ideia da destruição da natureza, [00:21:42;14] [00:21:42;22] mas também a dependência de recursos da natureza, [00:21:50;25] [00:21:51;08] mas também o desenvolvimento de uma região [00:21:54;24] [00:21:55;01] são interligados diretamente. [00:21:57;23] [00:21:58;05] Então acho que isso trouxe para nós a questão de pensar em arte [00:22:01;27] [00:22:02;05] ou em artistas que conseguem pensar conosco [00:22:05;12] [00:22:05;19] sobre essa relação ambígua e complexa [00:22:08;16] [00:22:08;26] entre arte e natureza, exploração e experiência. [00:22:13;01] [00:22:13;14] Eu acho que temos vários exemplos em Inhotim hoje [00:22:17;13] [00:22:17;21] que falam muito diretamente disso. [00:22:20;00] [00:22:20;11] Talvez um dos exemplos mais fortes nesse sentido [00:22:23;14] [00:22:23;20] é o Matthew Barney, [00:22:25;01] [00:22:25;10] onde não está muito claro quem ganha a luta [00:22:28;16] [00:22:28;27] entre natureza, a floresta, a ideia do crescimento exponencial selvagem [00:22:36;08] [00:22:36;16] e a cultura, a tecnologia, o homem [00:22:42;19] [00:22:43;00] e eu acho que esse balanço está bem forte nesse trabalho [00:22:46;12] [00:22:46;23] e refletir sobre isso é algo que a gente quis propor para o público. [00:22:50;04] [00:22:50;17] [Máquina trabalhando] [00:22:53;18] [00:23:46;26] [Máquina trabalhando] [00:23:49;04] [00:24:10;09] Em 2004 o Matthew Barney foi convidado pelo Arthur [00:24:13;17] [00:24:13;29] para participar, para criar uma participação dentro do carnaval, do desfile. [00:24:18;22] [00:24:18;29] A partir da performance foi criado um filme, [00:24:21;25] [00:24:22;05] "De Lama Lâmina" estreou em 2004, 2005, e já foi na época, [00:24:26;22] [00:24:27;03] quando nós iniciamos a nossa conversa com o Matthew Barney, [00:24:29;19] [00:24:29;26] ele já estava na finalização do filme. [00:24:32;04] [00:24:32;12] Daí, ele falou: "Ah, eu queria muito ter uma peça [00:24:36;14] [00:24:37;24] no meio de uma mata reflorestada, de preferência de eucaliptos, [00:24:41;14] [00:24:41;24] em cima de uma montanha, ao lado de uma mineração". [00:24:44;25] [00:24:45;13] Aí, Allan falou: "Mas nós temos isso. Então, vem pra cá." [00:24:49;05] [00:25:18;26] [Máquina trabalhando] [00:25:21;08] [00:25:27;24] O Jardim Botânico se estabeleceu [00:25:30;03] [00:25:30;10] num lugar onde haviam atividades de mineração. [00:25:35;02] [00:25:35;17] Então, obras como a do Matthew Barney [00:25:39;12] [00:25:39;21] que está dentro de uma floresta de eucalipto, [00:25:43;08] [00:25:43;26] a mais antiga de Minas Gerais, [00:25:46;05] [00:25:46;12] com o intuito de fazer recuperação ambiental [00:25:49;28] [00:25:50;08] e ele discute aspectos da natureza, dos mitos, [00:25:57;07] [00:25:57;15] da relação do homem com essa natureza [00:25:59;22] [00:26:00;02] e de como ele simboliza isso. [00:26:02;23] [00:26:07;21] Eu me senti muito atraído [00:26:09;24] [00:26:10;02] pela proposta de colocar a obra [00:26:12;18] [00:26:13;17] neste bosque de eucaliptos. [00:26:16;10] [00:26:16;19] Ao saber que precisaríamos remover árvores [00:26:19;12] [00:26:19;19] para poder construir a estrutura, [00:26:22;13] [00:26:23;18] eu tentei descobrir como remover as árvores [00:26:27;11] [00:26:27;18] e deixá-las ao redor do lugar [00:26:29;27] [00:26:30;05] como parte da instalação. [00:26:34;20] [00:26:34;26] Ele também teve a ideia [00:26:36;22] [00:26:37;01] de que a árvore seria moldada como outro material [00:26:39;29] [00:26:40;06] e ficaria abrigada na cúpula geodésica. [00:26:42;10] [00:26:42;20] Teve a ideia de não ser possível ver a parte de dentro, [00:26:46;01] [00:26:46;09] que refletiria a natureza, [00:26:48;04] [00:26:48;11] mas seria possível ver o lado de fora [00:26:51;05] [00:26:51;12] quando estivesse dentro, [00:26:52;20] [00:26:53;02] dando a sensação de estar sob a cobertura das árvores. [00:26:55;03] [00:26:55;14] Também teve a ideia de a árvore crescer até o topo da cúpula. [00:26:58;18] [00:26:58;27] Seria uma fusão entre o elemento natural, [00:27:01;26] [00:27:02;07] ou o elemento natural moldado, e a arquitetura construída. [00:27:06;18] [00:27:06;26] Foi ele que decidiu fazer uma cúpula. [00:27:09;03] [00:27:09;15] Na opinião dele, trabalhar com essa invenção matemática pura [00:27:13;10] [00:27:13;17] da era moderna era pertinente. [00:27:16;06] [00:27:16;12] Essa obra evoluiu [00:27:18;20] [00:27:18;27] de maneira inesperada esculturalmente, [00:27:21;26] [00:27:22;05] mas, em conteúdo, tinha mais a ver com encontrar [00:27:25;10] [00:27:25;18] a situação certa que permitiria a esta obra [00:27:28;13] [00:27:28;20] tornar-se a expressão mais plena de si mesma. [00:27:31;13] [00:28:09;28] Bom, a tradução é basicamente "De Lama Lâmina"... [00:28:13;22] [00:28:18;13] Creio que seja algo que remeta [00:28:21;23] [00:28:21;29] ao significado de Ogum, [00:28:24;02] [00:28:31;03] que o ferro vem da terra [00:28:34;22] [00:28:36;02] e o... [00:28:38;12] [00:28:55;20] serve tanto para a criação [00:28:58;18] [00:28:58;27] quanto também pode servir para a destruição, [00:29:04;02] [00:29:04;08] ao mesmo tempo. [00:29:07;08] [00:29:07;16] Ele existe em ambos os lados do espectro [00:29:10;19] [00:29:13;01] na criação da cultura. [00:29:14;15] [00:29:14;22] Ele também desenvolve o ferro que faz a arma [00:29:17;27] [00:29:20;20] que vai começar a destruir a civilização, de certa forma. [00:29:23;20] [00:29:23;27] Então, creio que ele seja... [00:29:27;14] [00:29:27;22] De maneira básica, ele é um deus da fertilidade. [00:29:33;21] [00:29:34;03] De maneira mais complicada, representa o desenvolvimento. [00:29:38;08] [00:29:40;17] Para mim, ele é uma divindade muito interessante. [00:29:44;08] [00:29:45;07] ? [00:29:48;16] [00:30:25;15] ? [00:30:29;17] [00:31:04;09] Posso dizer que meu interesse pelo bronze, [00:31:08;03] [00:31:09;04] é que... [00:31:11;02] [00:31:12;13] o bronze é uma técnica de escultura. [00:31:16;27] [00:31:17;12] É um material que foi usado para tantas coisas, [00:31:20;11] [00:31:20;18] para fazer armas, isso no passado, [00:31:24;16] [00:31:24;26] para fazer canhões. [00:31:26;27] [00:31:27;11] No entanto, foi usado para fazer esculturas. [00:31:30;19] [00:31:31;06] O meu interesse pela técnica de fusão do bronze, [00:31:36;23] [00:31:37;08] nasce do fato para que alimentar o volume da escultura, [00:31:42;29] [00:31:43;05] a forma da escultura, [00:31:44;24] [00:31:45;00] usa-se canalizações. [00:31:47;14] [00:31:47;22] Essas canalizações têm formato de ramos. [00:31:53;26] [00:31:54;21] E quanto mais a forma delas é fluída, [00:31:58;28] [00:31:59;05] maior é o resultado. [00:32:00;17] [00:32:00;26] E, no fundo, quanto mais são similares [00:32:03;11] [00:32:03;17] à árvore verdadeira, [00:32:05;06] [00:32:05;13] mas são funcionais para a fusão em bronze. [00:32:07;25] [00:32:08;06] De qualquer maneira, são duas formas contrapostas. [00:32:12;21] [00:32:13;00] É o crescimento do vegetal em direção à fusão [00:32:16;00] [00:32:16;08] através da força da gravidade. [00:32:18;04] [00:32:18;11] Creio que isso não seja por acaso. [00:32:21;11] [00:32:21;21] Porque se acham que a invenção da escultura em bronze [00:32:27;25] [00:32:28;03] nasceu em um momento e quem o homem [00:32:33;06] [00:32:33;14] tinha uma idealização da natureza e da realidade, [00:32:38;18] [00:32:38;26] e a ideia de transformar o ramo [00:32:43;03] [00:32:44;10] que se transformava em bronze, mas com aspecto de vegetal, [00:32:48;22] [00:32:49;00] não acho que tenha sido secundário [00:32:53;01] [00:32:53;12] nesse tipo de técnica. [00:32:58;03] [00:33:06;18] Aqui dá para ver que tem uma comunidade de árvores [00:33:11;03] [00:33:11;13] que circundam esse ângulo central em bronze [00:33:15;09] [00:33:15;21] e o elevam. [00:33:18;07] [00:33:18;14] Mas o crescimento dessas árvores [00:33:21;01] [00:33:21;09] formam uma estrutura arquitetônica. [00:33:24;17] [00:33:24;28] Essa era uma indicação de como, provavelmente, [00:33:30;06] [00:33:31;06] se... [00:33:33;01] [00:33:33;11] Porque tem esse tubo de ferro que sustenta a árvore. [00:33:38;00] [00:33:38;10] Com o tempo, a árvore cresce e envolve o tubo. [00:33:42;11] [00:33:42;19] Então, se cria uma fenda que lembra a ideia de [00:33:46;18] [00:33:46;29] levantamento da árvore de bronze, em direção ao céu. [00:33:52;03] [00:33:52;18] Essa é a ideia. [00:33:54;12] [00:33:54;19] Que a árvore envolva a estrutura. [00:33:58;11] [00:33:58;19] A parte vermelha é a árvore de bronze, vista do alto, [00:34:03;21] [00:34:04;00] e essas são as árvores colocadas lateralmente [00:34:07;08] [00:34:07;16] e o crescimento delas envolve [00:34:11;22] [00:34:12;14] a estrutura metálica de sustentação [00:34:16;19] [00:34:16;27] e parte da raiz da árvore de elevação. [00:34:21;04] [00:34:21;24] "Elevazione" do Penone [00:34:24;18] [00:34:24;26] foi uma obra muito instigante também porque ela [00:34:29;14] [00:34:29;25] conseguiu sintetizar o encontro de duas topologias de acervo [00:34:35;12] [00:34:35;19] num único objeto artístico. [00:34:38;11] [00:34:38;18] Então, a escolha das espécies botânicas, [00:34:43;04] [00:34:43;13] ela partiu de uma seleção preliminar [00:34:47;06] [00:34:47;21] de possíveis árvores nativas que crescessem de modo mais vertical e que tivessem essa [00:34:53;00] [00:34:53;07] conformação mais cônica de copa. [00:34:57;11] [00:34:57;20] Pelo fato de ser uma planta nativa, [00:34:59;07] [00:34:59;16] pelo fato de ser uma planta resistente [00:35:02;29] [00:35:03;09] e de ter uma arquitetura com formatos que ele buscava, [00:35:07;10] [00:35:07;18] ele escolheu o gravitar e que está hoje [00:35:11;03] [00:35:12;12] compondo a obra, que faz parte da obra, [00:35:14;28] [00:35:15;08] e que vai permanecer lá por muitos e muitos anos ainda. [00:35:19;06] [00:35:21;02] A força da luz no crescimento dos vegetais [00:35:25;26] [00:35:26;07] é uma energia que levanta uma peso enorme, [00:35:31;28] [00:35:32;07] que levanta o peso da árvore, o peso das folhas. [00:35:37;04] [00:35:37;15] A luz permite que o vegetal supere a força da gravidade. [00:35:42;19] [00:35:42;26] Então, pode-se ver a força da gravidade [00:35:45;06] [00:35:45;14] como o inverso da força vital, [00:35:48;18] [00:35:48;25] dando a ideia de horizontalidade, [00:35:51;08] [00:35:51;14] a ideia da morte. [00:35:54;04] [00:35:59;10] ? [00:36:02;18] [00:37:09;18] Na minha obras, eu lido com natureza e cultura, cultura e natureza, [00:37:14;01] [00:37:14;09] colocando a natureza na cultura [00:37:16;13] [00:37:16;22] ou colocando a cultura na natureza, etc. [00:37:19;05] [00:37:19;12] De certa forma... [00:37:21;12] [00:37:22;28] De certa forma, nós deveríamos estar pensando... [00:37:26;24] [00:37:30;11] Sabe... [00:37:32;04] [00:37:32;20] Onde isso nos deixa? [00:37:34;11] [00:37:34;17] Como nós, sabe... [00:37:37;25] [00:37:38;17] podemos evitar ser tão egocentristas [00:37:40;22] [00:37:40;29] que nós sempre nos vemos [00:37:43;00] [00:37:43;07] no centro de tudo ano nosso redor? [00:37:45;09] [00:37:45;20] Como podemos protagonizar o meio-ambiente ou a natureza? [00:37:49;21] [00:37:49;29] Como nós podemos dar à natureza [00:37:53;06] [00:37:53;14] o benefício de ser a protagonista? [00:37:57;01] [00:37:57;08] ? [00:38:01;03] [00:38:20;10] ? [00:38:22;19] [00:39:06;22] Nesta foi feito um corte. [00:39:10;04] [00:39:14;20] Ou, neste caso, que é um cedro [00:39:18;13] [00:39:19;00] que foi... [00:39:20;28] [00:39:21;22] Ele caiu durante uma tempestade [00:39:24;09] [00:39:24;29] no jardim do Castelo de Versailles. [00:39:27;29] [00:39:28;12] Eu consegui adquirir um desses grandes troncos caídos, [00:39:33;19] [00:39:34;04] e trabalhei descobrindo a forma da árvore [00:39:38;13] [00:39:38;21] até um determinado ano do crescimento dela. [00:39:42;21] [00:39:43;08] Isso corresponde a cerca de 1820 ou 1830. [00:39:47;26] [00:39:48;04] A árvore que existe internamente. [00:39:51;16] [00:39:56;24] Então, é uma reflexão sobre a escultura. [00:40:02;00] [00:40:02;08] Uma escultura como uma forma pré-existente. [00:40:06;12] [00:40:06;27] E a tarefa do escultor é revelá-la. [00:40:09;22] [00:40:09;29] Não é inventar uma forma, [00:40:12;03] [00:40:12;14] mas sim indicar as formas que já existem na realidade. [00:40:17;06] [00:40:45;14] ? [00:40:47;24] [00:41:55;11] Nós temos muita ciência [00:41:58;07] [00:41:58;15] de que o clima está se deteriorando, [00:42:01;00] [00:42:01;09] mas estamos emocionalmente desconectados disso. [00:42:04;21] [00:42:05;25] O meu interesse no debate "natureza versus cultura" [00:42:08;14] [00:42:08;22] é mais no sentido antropocêntrico: [00:42:11;08] [00:42:11;17] de onde vem a nossa relação com a natureza? [00:42:14;29] [00:42:15;07] Nas minhas obras, eu me interesso muito [00:42:17;29] [00:42:18;07] pelos aspectos emocionais. [00:42:19;28] [00:42:20;06] Como a natureza se sente? [00:42:22;14] [00:42:23;01] Como será que a natureza se sente? [00:42:25;11] [00:42:25;21] Eu creio que a natureza consiga sentir alguma coisa. [00:42:28;07] [00:42:29;22] ? [00:42:34;10] [00:43:19;14] E o projeto do gelo [00:43:21;25] [00:43:22;05] tem muito a ver com essa ideia [00:43:24;20] [00:43:24;29] de que, bom, o gelo realmente está lá. [00:43:28;20] [00:43:31;13] Essa ideia de deixar o gelo explícito [00:43:34;28] [00:43:35;05] tem muito a ver com mostrar: [00:43:37;00] [00:43:37;08] "Bom, o que os cientistas, [00:43:41;16] [00:43:42;09] a ONU e os chefes de estado na Climate Corporation [00:43:45;11] [00:43:45;18] estão discutindo existe de verdade." [00:43:47;28] [00:43:48;13] E aquele relatório que o IPCC fez para a ONU [00:43:52;11] [00:43:52;17] e outros cientistas [00:43:54;10] [00:43:54;18] tem 400 páginas, é muito difícil de entender. [00:43:57;29] [00:43:58;05] São dados científicos. [00:43:59;29] [00:44:00;15] Quem poderia traduzir isto para mim? [00:44:03;11] [00:44:03;29] E o projeto de gelo tanta traduzi-lo. [00:44:06;05] [00:44:06;16] Sem deixar os dados de lado, eles são importantíssimos, [00:44:09;26] [00:44:10;08] a intenção é combinar os dados com a latência emocional. [00:44:14;10] [00:44:15;20] [Som do mar] [00:44:19;04] [00:45:12;28] Na história do planeta de 4,5 bilhões de anos, [00:45:17;21] [00:45:18;00] as plantas existem já há alguns bilhões de anos. [00:45:22;04] [00:45:22;24] Nós seres humanos temos indícios da nossa presença aqui [00:45:26;12] [00:45:26;19] nos últimos 30 mil anos. [00:45:29;00] [00:45:29;08] É um fiapo dentro dessa escala de tempo. [00:45:32;05] [00:45:32;19] Eu gosto de entender a natureza como um aspecto da cultura, [00:45:38;19] [00:45:38;27] sem a qual a gente não viveria. [00:45:44;04] [00:45:44;18] Ou seja, nós somos parte da cultura da natureza. [00:45:48;28] [00:45:49;07] E a natureza é parte da nossa cultura. [00:45:50;29] [00:45:51;06] ? [00:45:54;03] [00:46:32;04] ? [00:46:34;18] [00:46:48;21] Acho muito curiosa essa ideia [00:46:50;09] [00:46:50;20] de que até seja possível, mesmo com esta mesa aqui, [00:46:54;09] [00:46:54;19] considerá-la [00:46:56;04] [00:46:57;20] um sujeito. [00:46:59;06] [00:46:59;14] Creio que poderia chamá-la de objeto, [00:47:02;10] [00:47:02;18] mas esta mesa já foi uma árvore, obviamente. [00:47:06;13] [00:47:07;02] Ela cresceu no chão, [00:47:09;17] [00:47:10;27] ela viajou, [00:47:12;22] [00:47:13;29] ela tem uma jornada, uma trajetória [00:47:17;27] [00:47:18;03] e eu também tenho. [00:47:20;18] [00:47:21;10] Então, agora que eu estou aqui e a mesa está aqui, [00:47:25;05] [00:47:25;12] é o encontro de duas jornadas. [00:47:28;02] [00:47:28;15] Mas a mesa vai continuar [00:47:30;16] [00:47:30;24] e, algum dia, esta parte da mesa [00:47:33;19] [00:47:33;26] fará novamente parte do solo, [00:47:37;01] [00:47:37;21] se o planeta existir até lá, [00:47:39;25] [00:47:40;03] e, um dia, ela voltará a ser uma árvore, [00:47:43;22] [00:47:43;28] de alguma forma. [00:47:46;02] [00:47:46;09] Olhando para ela, eu deveria dizer [00:47:48;18] [00:47:48;27] que ela não é uma mesa, é uma mesa por enquanto. [00:47:52;29] [00:47:54;12] Se eu puder usar essa ideia no meu modo de ver o mundo, [00:47:58;07] [00:47:58;17] eu conseguiria entender melhor as consequências de tudo [00:48:02;11] [00:48:02;20] porque tem mais a ver com uma matriz de intenções. [00:48:06;16] [00:48:07;15] ? [00:48:11;06] [00:48:31;05] ? [00:48:37;03] [00:49:42;29] ? [00:49:48;25]