• Project: • Original Title: • Translated Title: MCC CEA 708 Closed Captions • Translator: No Author • Language: English • Subtitles: 471 • Words: 4271 • Comment: • Client: • Creation Date: 15. Aug. 2018 • Revision: • Revision Date: 15. Aug. 2018 • Media File: No Media • Format: 29.97 NTSC DF • Offset: 00:00:00:00 [00:00:29;12] ? [00:00:32;08] [00:01:11;29] Eu acho que o Inhotim, não tem nada muito parecido com o Inhotim, [00:01:15;22] [00:01:16;01] é muito diferente de tudo que eu já conheci. [00:01:18;14] [00:01:18;28] É uma espécie de jardim do futuro mesmo, eu acho. [00:01:22;19] [00:03:26;23] Aqui é um local... [00:03:29;08] [00:03:29;25] biogeograficamente muito interessante, [00:03:31;21] [00:03:32;02] aqui é mais ou menos... é uma transição entre a Mata Atlântica e o Serrado. [00:03:37;19] [00:03:38;11] E, portanto, é um trecho que naturalmente [00:03:40;19] [00:03:40;27] tem uma riqueza biológica muito grande. [00:03:43;11] [00:03:43;22] A gente está na porção sul da Cordilheira do Espinhaço. [00:03:48;08] [00:03:48;18] E ela faz aflorar rochas e minerais [00:03:52;01] [00:03:52;09] que estavam antes escondidos sob a terra. [00:03:56;03] [00:03:56;13] E que por causa desse "acidente" geográfico ou geológico [00:04:01;02] [00:04:01;10] elas afloram e passam a fazer parte da paisagem. [00:04:04;18] [00:04:05;22] Novas espécies surgem, elas se adaptam de forma [00:04:08;28] [00:04:09;08] a sobreviverem e evoluírem nessas novas altitudes [00:04:14;23] [00:04:15;01] com esses novos minerais. [00:04:16;16] [00:04:16;23] Como se não bastasse tudo isso, [00:04:18;26] [00:04:19;06] nós estamos no centro do quadrilátero ferrífero mineiro, [00:04:24;27] [00:04:25;09] que é a maior jazida de minério de ferro do planeta. [00:04:31;03] [00:04:40;08] Tinha mineração aqui. [00:04:42;08] [00:04:42;14] Mostra para eles. [00:04:44;14] [00:04:44;22] Onde está passando aquela pessoa lá, olha. [00:04:47;13] [00:04:53;02] [Cinegrafista] O que era lá? [00:04:54;08] [00:04:54;17] Ali passava a linha onde o trem pegava o minério, [00:04:56;25] [00:04:57;02] para cima aqui, os vagões. [00:05:00;11] [00:05:03;21] Eu conheci o Bernardo depois que ele comprou isso aqui. [00:05:06;29] [00:05:07;09] Ele apareceu aqui um dia, aí ficamos o conhecendo [00:05:10;03] [00:05:10;14] e ele ficou doido com isso aqui e falou que tinha que arrumar, [00:05:13;01] [00:05:13;10] que tinha que começar um jardim. E começamos. [00:05:15;04] [00:05:15;14] Na semana que ele esteve aqui, na seguinte já comecei [00:05:17;13] [00:05:17;22] a mexer com o jardim aqui, aumentando o jardim. [00:05:19;20] [00:05:19;28] E o Bernardo me falou o seguinte: [00:05:21;22] [00:05:22;00] "Você tem que vender aquele terreno de lá, [00:05:24;10] [00:05:24;19] porque senão não tem jeito de eu começar nada." [00:05:26;11] [00:05:26;22] Ninguém acreditava. Porque chegava caminhões e caminhões de palmeiras, né? [00:05:30;04] [00:05:30;13] Passando pela cidade, o pessoal não entendendo. [00:05:33;04] [00:05:33;16] "Para onde vai esse tanto de palmeiras para serem plantadas?" [00:05:36;01] [00:05:36;08] O pessoal perguntava muito. [00:05:37;15] [00:05:37;25] O pessoal não acreditava no projeto do Seu Bernardo, né? [00:05:40;08] [00:05:40;23] E o primeiro terreno que foi comprado, foi o da minha família. [00:05:43;24] [00:05:44;02] [Senhor] Esse daqui que estamos nele. [00:05:45;24] [00:05:46;05] Do meu avô, meu pai morava, meu tio morava logo ali perto, [00:05:49;14] [00:05:49;21] que é onde é a Galeria Fonte hoje. [00:05:51;25] [00:05:52;06] E a gente morava onde hoje está situada a Galeria Cildo Meireles. [00:05:55;25] [00:05:56;09] Que é realmente onde é a construção. [00:05:58;27] [00:05:59;07] Tinha a nossa casa com área de jardim, um gramadinho. [00:06:03;03] [00:06:21;13] Esse é o Leci Estrada, essa não sei quem é, [00:06:25;19] [00:06:26;00] essa sou eu. E os demais ali acho que vocês vão saber melhor do que eu. [00:06:31;24] [00:06:33;18] Esse é o De Afonso. [00:06:35;28] [00:06:36;14] Adriana. [00:06:38;10] [00:06:38;26] Não. De Afonso, não. De Afonso é aquele do meio. [00:06:41;09] [00:06:41;15] Esse daqui é o Edimar. [00:06:43;14] [00:06:43;24] Esse daqui é o De Afonso, essa daqui é a Adriana. [00:06:46;22] [00:06:46;28] Adriana. Não é, Néia? [00:06:50;21] [00:06:50;29] Esses daqui são os filhos do De Afonso. [00:06:54;19] [00:06:54;29] Esse daqui é o Zé... não é Zé Pinguim... [00:06:59;15] [00:07:00;22] como é o nome dele, gente? Ele morreu. [00:07:04;25] [00:07:05;03] [Senhor Goiaba] Laura? [Néia] Essa é a Laura. [00:07:07;26] [00:07:08;05] [Néia] Esse é o Rômulo, o segurança. [00:07:11;10] [00:07:11;27] [Néia] Esse daqui eu não sei o nome. [Senhor Goiaba] Esse eu sei o nome, como é? [00:07:15;24] [00:07:16;01] Eu lembro, gente. É o Zé Pinguim. [00:07:21;03] [00:07:42;12] Isso daqui é tudo muda de buriti. [00:07:45;28] [00:07:46;07] A gente quer transformar aqui em uma vereda. [00:07:50;00] [00:07:50;07] Então, são todas mudas de buriti. [00:07:53;10] [00:07:53;20] Que é uma das palmeiras mais bonitas do Brasil, né? [00:07:56;23] [00:07:57;04] Isso daqui é tudo... Tá vendo? São várias mudas de buriti [00:08:00;26] [00:08:01;04] que no futuro vão estar enormes aqui, né? [00:08:03;25] [00:08:04;05] Aí, você a marca dessas palmeiras, a areca de locuba, [00:08:08;10] [00:08:08;17] aquelas altas lá. [00:08:11;10] [00:08:12;04] Por isso que nasceu o Jardim Botânico de Inhotim. [00:08:16;04] [00:08:16;13] Por quê? Por causa do porte dessas plantas, né? [00:08:20;21] [00:08:20;28] Isso daqui é uma lâmina de gramado, [00:08:23;00] [00:08:23;10] como se fosse um caminho convidando a pessoa a entrar. [00:08:28;15] [00:08:28;23] Aí vai lá para ver aquelas palmeirinhas, [00:08:30;22] [00:08:31;01] para ver a obra do Tunga, aqui, olha. [00:08:33;12] [00:08:34;02] Faço questão que vejam esse grande amigo. [00:08:37;20] [00:08:37;29] Essa foi uma das primeiras esculturas do Tunga [00:08:42;18] [00:08:43;14] vindo para Inhotim. [00:08:46;15] [00:08:46;29] E é uma coisa sensacional, né? [00:08:52;10] [00:09:12;06] Aqui nós estamos em frente à árvore do tamboriu, [00:09:15;29] [00:09:16;06] que era a frente da casa do Bernardo, [00:09:18;19] [00:09:18;26] que começamos a fazer os jardins do Inhotim, [00:09:22;23] [00:09:23;00] para ser exato, em fevereiro de 1986. [00:09:26;04] [00:09:26;14] Aqui a árvore que já existia aqui, que é uma árvore centenária, [00:09:31;05] [00:09:31;14] que é o tamboriu, que é o charme desse lugar aqui. [00:09:35;12] [00:09:35;19] E as patas-de-elefante que o pessoal chama, [00:09:38;04] [00:09:38;11] que são as nolinas, [00:09:40;13] [00:09:40;23] que eu fiquei seis meses rodando o Rio de Janeiro, [00:09:45;23] [00:09:46;01] São Paulo, interior, comprando essa planta [00:09:51;08] [00:09:51;15] já quase desse tamanho. [00:09:54;12] [00:09:55;07] Cada uma escultura mais bonita do que a outra, [00:09:59;06] [00:10:00;19] que é uma espécie de planta [00:10:04;18] [00:10:04;28] que dá nos desertos do México, que se chama beaucarnea recurvata, [00:10:09;09] [00:10:09;17] ou chamam de nolina, de pata-de-elefante. [00:10:12;24] [00:10:13;03] Já tem 32 anos que esses jardins foram feitos. [00:10:16;10] [00:10:16;19] Essa etapa desses cinco hectares de jardins. [00:10:21;09] [00:10:22;02] E já se desenvolveram muito, já plantei algumas coisas de grande porte [00:10:26;13] [00:10:26;23] que já tinham 10, 20 anos, então, tem plantas aí com mais de 50 anos. [00:10:32;26] [00:10:33;29] E a própria natureza aqui, a topografia, as matas, [00:10:39;02] [00:10:39;12] que são as nossas áreas de preservação permanente, [00:10:43;03] [00:10:44;13] as nascentes, os espelhos d'água, [00:10:46;24] [00:10:47;01] toda essa beleza natural que nós temos aqui [00:10:51;03] [00:10:51;13] proporcionou isso daqui virar um jardim botânico. [00:10:53;27] [00:12:53;00] Cerca de 25% da coleção de plantas do Inhotim é composta por palmeiras, [00:12:58;19] [00:12:58;29] é uma das maiores coleções de palmeiras do mundo. [00:13:01;18] [00:13:01;29] As aráceas têm um valor importantíssimo também [00:13:05;11] [00:13:05;22] porque são a segunda maior coleção botânica do Inhotim. [00:13:09;17] [00:13:10;18] As bromélias têm um lugar muito especial também, [00:13:14;06] [00:13:14;17] as orquídeas e as árvores, são os principais grupos de plantas [00:13:20;10] [00:13:20;21] ou famílias representadas na coleção do Jardim Botânico Inhotim. [00:13:25;20] [00:14:13;19] Outra coisa, assim, para você ler a planta, [00:14:16;13] [00:14:16;23] é ver o tamanho da folha. Se ela tem uma folha muito grande, [00:14:19;23] [00:14:20;03] tipo isso daqui, olha, você sabe que é de ambiente úmido, [00:14:23;12] [00:14:23;19] ela não tem problema de perda de umidade. [00:14:25;28] [00:14:26;05] Ela não está "ligando" para perder umidade. [00:14:29;02] [00:14:29;11] Porque, provavelmente, isso daqui da Amazônia, [00:14:31;21] [00:14:31;29] de uma Mata Atlântica que tem muita umidade no ar. [00:14:34;23] [00:14:35;02] Então, ela pode ter um tamanho de folha grande. [00:14:37;20] [00:14:37;27] Isso daqui é outro filodendro. [00:14:40;25] [00:14:41;18] Ela é semiepífita que a gente chama, [00:14:45;01] [00:14:45;10] porque ela nasce no chão, no solo [00:14:49;05] [00:14:49;12] e depois ela vai subindo pela árvore. [00:14:51;07] [00:14:51;17] Filodendro. "Filo" é "amigo" e "dendro" é "árvore". [00:14:55;06] [00:14:55;16] Então, é o "amigo da árvore". Ela gosta de ter uma árvore abraçando. [00:14:58;03] [00:14:58;10] Você vê as raízes dela aqui. [00:14:59;11] [00:14:59;19] [Mulher] Mas ela não pega seiva. [00:15:00;23] [00:15:01;00] Não. Ela não é parasita. Ela só se apoia. [00:15:03;27] [00:15:04;08] Você pode tirar a raizinha aqui, a raiz não está perfurando. [00:15:07;25] [00:15:08;04] Se você pegar a erva-de-passarinho, por exemplo, [00:15:10;18] [00:15:10;27] A erva-de-passarinho, a raiz entra dentro da árvore [00:15:13;26] [00:15:14;04] e ela começa a sugar a seiva da árvore. [00:15:16;17] [00:15:16;24] Essa daqui, não. Ela é epífita. [00:15:18;25] [00:15:19;02] Orquídea é epífita, bromélia é epífita. [00:15:21;12] [00:15:21;20] Epífita são plantas que precisam de outras [00:15:23;10] [00:15:23;17] como suporte, simplesmente. [00:15:26;01] [00:15:27;12] Esse filodendro aqui, você vê, [00:15:30;02] [00:15:30;11] a superfície folhear dele é bem menor [00:15:32;15] [00:15:32;26] e ele é de um ambiente que venta, por exemplo. [00:15:35;26] [00:15:36;04] O vento vai passar aqui e não vai machucar. [00:15:38;13] [00:15:38;20] Aqui se começar a dar tempestade e ventania, [00:15:41;06] [00:15:41;19] a folha vai rachar inteira e ela vai ter que começar a gastar energia pra cicatrizar, [00:15:45;19] [00:15:45;29] para recuperar a folha. Você consegue ver uma similaridade aqui, né? [00:15:48;25] [00:15:49;07] As nervuras, né? E essa parte central aqui foi partindo, [00:15:53;23] [00:15:54;06] foi cisando e foi se transformando nisso aqui para ela não sofrer com o vento. [00:15:58;07] [00:16:02;05] É, nada é à toa. [00:16:04;13] [00:16:04;21] E são milhões de anos de evolução, [00:16:08;19] [00:16:09;02] então, ela está aqui, mas ela já passou por um punhado de coisas, de transformações [00:16:14;15] [00:16:14;22] para ter essa forma hoje. [00:16:17;19] [00:16:20;24] ? [00:16:23;01] [00:16:43;01] ? [00:16:46;17] [00:17:06;14] Então, o óleo, o pessoal usava muito para pancada, [00:17:08;22] [00:17:08;28] a minha avó fazia. [00:17:10;12] [00:17:10;19] Coloca no álcool, né? Isso. [00:17:13;02] [00:17:13;14] [Mulher] A perna quando está inchada, com varizes, você lava com isso. [00:17:17;28] [00:17:18;09] E ela dá uma floração amarela muito bonita. [00:17:21;08] [00:17:21;18] Hoje em dia no paisagismo tem uma linha chamada "paisagismo funcional", [00:17:25;11] [00:17:25;22] que utiliza essas plantas também, essas plantas medicinais, aromáticas, [00:17:29;11] [00:17:29;20] você inclui elas nesse paisagismo ornamental, [00:17:32;29] [00:17:33;07] e aí você tem uma dupla função com as suas plantas. [00:17:35;16] [00:17:35;27] A ornamental e a medicinal, uma coisa mais funcional para a gente. [00:17:38;24] [00:17:40;25] Aqui são alguns tipos e menta. Mas essa daqui, olha, [00:17:44;03] [00:17:44;11] que é legal, acho que está até com flor aqui. [00:17:47;00] [00:17:47;06] Isso daqui é o gengibre. [00:17:49;07] [00:17:51;05] A mamona vocês sabiam que é tóxica? [00:17:54;09] [00:17:54;19] Na literatura fala que seis sementes... Oi? [00:17:57;17] [00:17:57;24] [Homem] Fazer guerra de mamona. [00:17:59;18] [00:18:00;02] Eu também já fiz demais. O frutinho, verdinho, se você jogar, não tem problema. [00:18:04;21] [00:18:05;02] O problema é a semente. Essa semente que se parece com um carrapatão, [00:18:11;03] [00:18:11;13] é bonita até a semente. Mas, assim, ela é altamente tóxica. [00:18:14;29] [00:18:15;09] Dizem na literatura que seis sementes matam um boi. [00:18:17;29] [00:18:18;16] Vocês lembram que uma vez o Obama recebeu umas cartas com antrax, com veneno? [00:18:22;29] [00:18:23;08] Então, o antrax é feito com a semente da mamona. [00:18:25;25] [00:18:26;16] Tem uma plantinha aqui que eu adoro ela, que é a estévia. [00:18:30;15] [00:18:30;27] É um adoçante, é uma planta brasileira também. [00:18:34;14] [00:18:34;25] Aí, olha, vai passando o galhinho. Tira uma folhinha, experimenta. [00:18:38;18] [00:18:38;26] [Homem] É nativa do Brasil? [00:18:40;01] [00:18:40;09] É brasileira. Mas ela está aqui para isso mesmo. [00:18:42;21] [00:18:43;02] [Mulher ao fundo] Ela é nativa do sul do Brasil, Paraguai, Uruguai, toda essa região. [00:18:48;25] [00:18:49;13] [Mulher] Tem muito lugar que vão achar que é mato. [00:18:51;27] [00:18:52;06] Planta que você não conhece o nome é mato. [00:18:54;26] [00:18:55;07] Daí quando você conhece o nome, ela se apresenta, você se apresenta [00:18:58;25] [00:18:59;06] e você fica conhecedor e você acaba preservando ela também. [00:19:02;28] [00:19:16;18] [Água corrente] [00:19:19;10] [00:19:47;11] Esse daqui que eu falei. [00:19:50;13] [00:19:54;04] O que podemos ver aqui [00:19:56;29] [00:19:57;09] é uma destas enormes palmeiras da América do Sul. [00:20:02;13] [00:20:02;21] Quero que vocês prestem atenção nas lâmpadas [00:20:05;27] [00:20:06;04] que ficam no topo deste conservatório [00:20:09;11] [00:20:09;18] porque temos um problema no inverno. [00:20:12;21] [00:20:12;27] Aqui, no inverno [00:20:14;27] [00:20:15;03] temos não somente [00:20:17;27] [00:20:18;29] baixas temperaturas, -5?C ou -10?C. [00:20:21;29] [00:20:22;07] Teve um dia em que a temperatura máxima foi de... [00:20:25;14] [00:20:25;21] A temperatura máxima foi de -19?C. [00:20:30;13] [00:20:30;20] Entendeu? mas temos outro problema: a luz. [00:20:34;03] [00:20:34;09] Os dias são mais curtos. [00:20:35;24] [00:20:36;02] Então, nós realmente temos [00:20:39;00] [00:20:39;07] no meio de dezembro [00:20:42;00] [00:20:42;07] sete horas de luz solar. [00:20:44;01] [00:20:44;07] Então, com certeza, [00:20:46;04] [00:20:46;12] é muito pouca luz para árvores tropicais. [00:20:50;19] [00:20:51;01] Para poder estender estes dias de inverno em Berlim, [00:20:56;11] [00:20:56;18] temos essas luzes enormes [00:20:59;22] [00:21:00;02] que estendem os dias artificialmente. [00:21:03;14] [00:21:24;04] Jardins botânicos, em geral, [00:21:27;29] [00:21:30;07] começaram como jardins medicinais. [00:21:34;03] [00:21:34;12] Os jardins botânicos mais antigos que ainda existem [00:21:38;13] [00:21:38;22] são os das cidades de Pisa, Pádua e Florença. [00:21:43;29] [00:21:44;19] Elas começaram em 1543 ou 1545. [00:21:49;26] [00:21:50;06] Praticamente ao mesmo tempo [00:21:55;23] [00:21:57;25] em que um número considerável de plantas [00:22:00;24] [00:22:01;02] vieram pela primeira vez de outros países. [00:22:05;12] [00:22:06;03] Os espanhóis e os portugueses trouxeram plantas [00:22:10;06] [00:22:10;13] de seus futuros impérios coloniais. [00:22:14;02] [00:22:14;20] E os jardins botânicos [00:22:16;28] [00:22:17;06] eram, de certa forma, instituições [00:22:20;05] [00:22:20;12] onde essas plantas novas e desconhecidas [00:22:23;14] [00:22:23;21] poderiam ser cultivadas, provadas [00:22:27;02] [00:22:27;12] e, enfim, estudadas. [00:22:29;21] [00:22:29;29] Esse foi o início de tudo. [00:22:32;04] [00:23:30;28] O nosso primeiro jardim botânico foi o jardim botânico do Rio, que foi criado em 1808, [00:23:35;02] [00:23:35;12] justamente quando chegou no Brasil, no Rio de Janeiro, [00:23:38;01] [00:23:38;12] a família real, com Dom João VI. E, de início, o jardim botânico [00:23:42;13] [00:23:42;25] ele foi desenhado, chamado de "jardim de aclimatação". [00:23:47;02] [00:23:47;14] Então, era um jardim no qual plantas que tinham interesse [00:23:51;25] [00:23:52;02] por diferentes motivos, especiarias e tal, [00:23:54;04] [00:23:54;11] eram cultivadas ali, até experimentalmente, [00:23:57;05] [00:23:57;15] em função do potencial interesse comercial e do uso que [00:24:01;20] [00:24:01;26] essas plantas tivessem. [00:24:03;13] [00:24:03;20] Esses primeiros jardins, no século XVI, [00:24:06;00] [00:24:06;10] eles tinham uma geometria própria, eles eram bem geométricos, [00:24:11;29] [00:24:12;09] e com o passar do tempo isso foi ganhando outras formas [00:24:15;17] [00:24:15;28] até chegar no século XIX, já com os jardins ingleses, [00:24:18;28] [00:24:19;09] que são jardins mais sinuosos. No século XX, você começa a ter [00:24:23;23] [00:24:24;02] jardins que combinam esses diferentes desenhos [00:24:27;18] [00:24:27;27] e em direção já a segunda metade do século XX, [00:24:30;24] [00:24:31;01] começam a surgir jardins mais modernos. [00:24:35;16] [00:24:52;27] Pode dar opinião, aí, gente, ficou bom? [00:24:56;12] [00:24:57;27] Aqui é a entrada que vai para as obras da Elisa Bracher, [00:25:02;18] [00:25:03;00] que são todas amazônicas, esse conjunto de folhagens [00:25:07;01] [00:25:07;10] debaixo das palmeiras, que criam uma vegetação [00:25:11;01] [00:25:11;12] que dá um elemento surpresa da pessoa caminhando para [00:25:15;12] [00:25:15;21] visitar a obra de arte, sai dentro de um jardim [00:25:19;15] [00:25:19;25] e a obra de arte descortina lá na frente. [00:25:23;06] [00:25:24;01] Então, essa é a marca do Inhotim, assim, [00:25:27;14] [00:25:27;23] que essa visitação seja andando com sombras, com folhagens, [00:25:32;19] [00:25:32;29] então, aqui tem o contato com a obra, [00:25:36;18] [00:25:38;23] essa é a primeira obra, essa obra representando uma natureza morta, aí, com os troncos, [00:25:44;27] [00:25:46;03] e aqui você já vê um banco lá no fundo, olha, [00:25:49;25] [00:25:50;05] a pessoa vai lá, senta, aprecia de vários ângulos. [00:25:54;09] [00:25:54;20] Daqui, de lá, e aqui ela tem o contato com outra obra aqui. [00:25:59;10] [00:25:59;22] Isso tudo no meio dessas macaúbas, [00:26:02;15] [00:26:02;26] que são as palmeiras do habitat natural aqui, do Inhotim. [00:26:06;18] [00:26:07;04] Então, criando uma vegetação para dar um elemento surpresa. [00:26:11;24] [00:26:12;05] A pessoa vem andando, vendo algo no fundo, [00:26:15;13] [00:26:15;23] mas só quando ela chega mesmo é que ela tem o contato. [00:26:18;12] [00:26:52;24] [Passos na vegetação] [00:26:55;15] [00:27:24;21] ? [00:27:27;19] [00:29:28;24] E aqui é o efeito que eu te falei do paisagismo, [00:29:33;19] [00:29:34;00] porque você falar e mostrar. Você olha aqui a profundidade [00:29:38;10] [00:29:38;19] de tonalidade, então, quando eu fiz com aquela árvore branca, [00:29:42;14] [00:29:42;24] aquela folhagem branca, as palmeiras se destacando. [00:29:47;03] [00:29:47;16] Aqui o conjunto de plantas, essas medinila com as bromélias, as alocásias roxas, [00:29:55;18] [00:29:55;26] que dá esse colorido com harmonia, [00:29:59;12] [00:29:59;23] como uma coisa que parece que nasceu meio que espontaneamente aqui. [00:30:04;20] [00:30:05;24] O que a gente tenta fazer é isso. [00:30:08;14] [00:30:09;01] E a obra de arte está lá. Uma coisa valorizando a outra. [00:30:13;29] [00:30:16;13] O espírito do Inhotim sempre foi um jardim com exuberância, [00:30:21;07] [00:30:21;18] com espécies interessantíssimas de plantas do mundo inteiro, [00:30:25;27] [00:30:26;05] a gente sempre privilegia as nativas, mas... [00:30:30;19] [00:30:31;01] palmeiras exóticas, belíssimas e árvores também exóticas, [00:30:35;01] [00:30:35;12] como se fosse em qualquer jardim botânico do mundo. [00:30:38;28] [00:30:39;10] Mas de uma maneira que ele encaixa junto com a natureza. [00:30:43;08] [00:30:43;17] Essa é a coisa que eu gosto, assim, do paisagismo, [00:30:46;27] [00:30:47;07] é para você sentir que uma coisa entra dentro da outra. [00:30:50;20] [00:30:51;01] Não caiu ali de paraquedas, uma coisa feita, montagem, [00:30:55;10] [00:30:55;18] não esse o espírito daqui do Inhotim. [00:30:58;08] [00:31:18;15] Essa parte da planta morreu, mas ela já criou outra estrutura [00:31:24;13] [00:31:24;25] logo acima, então, você já vê que ela continua indo embora. [00:31:28;00] [00:31:28;07] Olha esses cactos aqui. Esses outros aqui. [00:31:32;22] [00:31:33;05] Olha esse desenho, cara, olha essa simetria, [00:31:36;00] [00:31:36;06] que coisa mais linda. [00:31:38;20] [00:31:39;10] Você pega esse desenho, [00:31:43;07] [00:31:43;17] isso é uma estampa pronta. [00:31:46;12] [00:31:47;14] Esses são filhotes daquele lá de cima. [00:31:49;22] [00:31:50;04] Pedaços de folha que foram caindo e foram dando origem a outros indivíduos. [00:31:54;04] [00:31:54;12] Olha que composição mais maravilhosa. [00:31:58;08] [00:31:59;02] E não foram plantados por nós. [00:32:01;01] [00:32:01;07] Ela vai pendendo, né? [00:32:03;13] [00:32:03;28] Essa é uma composição paisagística, [00:32:06;18] [00:32:07;11] uma linguagem muito comum no Inhotim. [00:32:10;02] [00:32:10;11] Um filodendo aderindo ao tronco de uma palmeira. [00:32:15;29] [00:32:17;04] Na verdade, ele reúne dois desenhos muito diferentes [00:32:22;05] [00:32:22;13] e transforma isso numa terceira coisa. [00:32:25;27] [00:32:26;12] O que é muito mais rico, né? [00:32:29;08] [00:32:29;19] ? [00:32:33;24] [00:32:53;00] ? [00:32:57;15] [00:33:26;25] Aqui a gente vai entrar na estufa equatorial. [00:33:29;11] [00:33:29;20] Não dá para entrar aqui sem antes falar com o senhor José Aurias, [00:33:33;20] [00:33:33;27] ele que é o nosso mestre daqui da estufa, [00:33:35;24] [00:33:36;02] ele que cuida dela inteira, e fica propagando. [00:33:38;26] [00:33:39;06] Ele adora as aráceas. E às vezes é cantor também. Não é, Seu Zé? [00:33:43;21] [00:33:46;06] Bem-vindos à estufa equatorial. [00:33:48;29] [00:33:50;08] Aqui na minha direita é uma coleção botânica, [00:33:54;12] [00:33:54;23] que são as matrizes. A partir dessas plantas aqui [00:33:58;01] [00:33:58;11] o Seu Zé o Valtinho que trabalham aqui [00:34:00;27] [00:34:01;06] vão cortar uns pedaços dela, vão colher sementes [00:34:04;01] [00:34:04;11] e vão propagar e a gente trás para esse outro lado aqui. [00:34:07;12] [00:34:08;01] Desse lado aqui vocês vão ver várias plantas iguaizinhas, [00:34:11;01] [00:34:11;12] que é a propagação. [00:34:13;14] [00:34:13;24] Ah, mostrando as plantas insetívoras aqui para vocês. [00:34:17;06] [00:34:17;15] Tem aqui a nepente. Essa daqui eu acho muito... [00:34:21;10] [00:34:21;20] muito bacana essa planta. [00:34:23;08] [00:34:23;15] Ela é muito legal, que eu acho, [00:34:26;06] [00:34:26;14] é que isso aqui é uma diferenciação da folha. [00:34:31;02] [00:34:31;13] Então, nasce a folha normal e isso aqui começa a desenvolver [00:34:36;12] [00:34:36;23] até virar isso aqui. Então, é muito legal esse esquema dela. [00:34:41;13] [00:34:43;02] Aí, o bichinho cai aqui dentro, ela tem micro-pelinhos, micro-cerdas voltadas pra baixo [00:34:48;08] [00:34:48;18] e o inseto quando ele quer subir, ele não consegue. Ele fica preso. [00:34:52;11] [00:34:52;18] E aí o inseto acaba sendo digerido [00:34:55;17] [00:34:55;27] e ela tem uma refeição, tem um filé-mignon ali pra ela. [00:34:59;14] [00:35:03;21] [Ventiladores ligando] [00:35:07;18] [00:35:35;12] Alguém conhece essa árvore? É uma planta pioneira, [00:35:38;09] [00:35:38;17] de crescimento muito rápido e ela tem esse nome, [00:35:41;10] [00:35:41;21] é fácil de ver, quando você vê no mato uma planta assim [00:35:44;03] [00:35:44;11] é o pau-jacaré com certeza. Ela cresce muito. [00:35:47;10] [00:35:47;19] Tem várias aqui. As maiores são pau-jacaré. [00:35:49;25] [00:35:50;06] Isso é outro indicativo que aqui é área de regeneração. [00:35:53;03] [00:35:53;14] A gente não vai encontrar um cedro grande, um mogno, [00:35:56;12] [00:35:56;20] Dalbergia nigra, um jacarandá da Bahia, por exemplo, [00:35:59;05] [00:35:59;17] a gente não encontra grande, a gente vai encontrar fininho, [00:36:01;28] [00:36:02;06] que são plantas que estão vindo. [00:36:03;19] [00:36:03;28] Mas essas plantas em madeira de lei, por exemplo, [00:36:06;18] [00:36:07;02] elas não chegam primeiro no lugar. Primeiro vem as pioneiras que a gente chama, [00:36:10;27] [00:36:11;05] que é o pau-jacaré, por exemplo. [00:36:13;06] [00:36:13;13] O pau-jacaré cresce muito rápido, então, [00:36:15;21] [00:36:15;28] ele consegue fazer uma sombra rápido, [00:36:18;09] [00:36:18;20] cai muita folha dele no chão, então, ele ajuda a fazer, [00:36:21;17] [00:36:21;29] a incorporar matéria orgânica no solo, melhorar a condição [00:36:24;21] [00:36:24;29] de nutrientes, de água, de umidade no solo, [00:36:28;01] [00:36:28;10] e outra característica das pioneiras é a produção de semente, [00:36:31;16] [00:36:31;26] ela produz muita semente. Justamente para colonizar o espaço. [00:36:34;24] [00:36:35;17] Aqui mais pau-jacaré. Podem ver que tem muito pau-jacaré. [00:36:40;00] [00:36:40;17] [Mulher] Ela tá muito grande! Achei que ficava menor. [00:36:43;22] [00:36:43;29] Não, ela fica grande. E, assim... [00:36:46;16] [00:36:46;22] Cai, cai. E já caiu. [00:36:48;17] [00:36:48;27] Essa daqui, por exemplo, com 30 anos, 40 anos, [00:36:51;02] [00:36:51;15] ela vai saindo do sistema. Ela já vai ficando grande, ela cai [00:36:55;22] [00:36:56;02] e aí as clímax, essas outras plantas que exigem mais nutriente, [00:37:01;24] [00:37:02;05] mais complexidade no sistema, elas começam a formar um banco, [00:37:06;10] [00:37:06;19] elas ficam só esperando abrir um solzinho. [00:37:08;23] [00:37:09;04] A hora que essa grandona, esse pau-jacaré, por exemplo, [00:37:10;24] [00:37:11;01] cair, aí, essas clímax vão sair. [00:37:13;20] [00:37:13;29] Aí elas começam a dominar aquele ambiente. [00:37:17;07] [00:37:27;11] A coleção botânica do Jardim Botânico Inhotim, [00:37:30;04] [00:37:30;12] ela se iniciou a partir do desejo [00:37:33;00] [00:37:33;07] de reconstituição de uma paisagem, [00:37:35;10] [00:37:35;21] de um aprofundamento do contato entre homem e a natureza, [00:37:42;04] [00:37:42;11] que inicialmente estava degradada. [00:37:44;11] [00:37:45;09] O jardim botânico se estabeleceu em um lugar onde havia [00:37:50;25] [00:37:51;01] atividades de mineração. [00:37:53;00] [00:39:43;03] Com uma intervenção humana [00:39:46;02] [00:39:46;10] você botou uma natureza aqui em cima, [00:39:49;00] [00:39:49;10] plantada, artificial, tem espécies de diferentes cantos do mundo, [00:39:52;27] [00:39:53;05] mas você recuperou essa área, [00:39:55;11] [00:39:55;19] você cicatrizou, vamos chamar assim, [00:39:57;28] [00:39:58;05] uma área que era uma área minerada [00:39:59;19] [00:39:59;26] com o verde, com a natureza. [00:40:01;10] [00:40:02;05] ? [00:40:05;22] [00:41:17;16] A gente está entrando no chamado "Jardim Desértico", [00:41:21;15] [00:41:21;25] que tem um conjunto de plantas que são muito próprias [00:41:24;20] [00:41:25;03] de ambientes secos. Não só desertos, mas outros ambientes secos do planeta. [00:41:29;12] [00:41:29;22] Então, são plantas que têm, em geral, espinho, [00:41:32;02] [00:41:32;12] que é uma folha modificada para perder pouca água [00:41:36;03] [00:41:36;13] e tem um conjunto de plantas, a maior parte dessas plantas aqui tem [00:41:39;16] [00:41:39;26] sistemas de armazenamento de água nas suas folhas [00:41:43;13] [00:41:43;21] que são muito sofisticados. [00:41:45;23] [00:41:46;13] Deixa eu pegar um exemplo para vocês. [00:41:47;25] [00:41:48;02] Acho que essa daqui é um exemplo legal. [00:41:50;16] [00:41:55;02] Essa daqui é uma planta da família das crassuláceas, você repara [00:41:58;15] [00:41:58;26] como eu vou quebrar ela, [00:42:01;29] [00:42:02;13] você vê, aqui dentro você tem bastante água, [00:42:08;08] [00:42:08;17] está vendo? E essa é uma característica que ajuda [00:42:11;05] [00:42:11;17] a essas plantas a conseguirem se manter em situação de seca. [00:42:15;19] [00:42:23;07] Ah, esse! Olha que lindo esse cactus, ele deve ser um Pilosocereus, [00:42:28;11] [00:42:28;20] ou então um cereus, ali, com os frutos vermelhos, [00:42:32;16] [00:42:32;27] e o fruto vermelho por dentro, quando você abre esse fruto, [00:42:35;14] [00:42:35;22] ele é branco com as sementinhas pretas e é muito gostoso. [00:42:39;16] [00:42:39;27] É uma fruta bem fresquinha, lembra um sorvete na textura. [00:42:44;10] [00:42:44;20] Ele tem muita água, então, em ambiente desértico [00:42:47;03] [00:42:47;11] encontrar uma fruta dessa é uma sorte. [00:42:50;10] [00:42:57;18] O Brasil é a maior biodiversidade do planeta disparado. [00:43:01;13] [00:43:01;22] Só de planta a gente tem mais de 42 mil espécies [00:43:04;24] [00:43:05;06] de plantas no Brasil, o que é um número elevadíssimo. [00:43:08;18] [00:43:08;27] Então, sempre que a gente vê a flora, palmeira, [00:43:14;15] [00:43:14;25] araucárea, que é uma planta brasileira também, mas mais sub-tropical, [00:43:19;20] [00:43:20;20] o Pau-Brasil, que a gente pegou o nome emprestado, [00:43:23;26] [00:43:24;03] essas plantas todas, [00:43:26;25] [00:43:28;08] o país tem nome de planta, isso já diz muito. [00:43:31;17] [00:44:51;01] Eu gosto de entender a natureza [00:44:54;23] [00:44:55;00] como um aspecto da cultura. [00:44:58;08] [00:44:58;15] Sem a qual a gente não viveria. [00:45:02;07] [00:45:03;23] Nós somos parte dessa natureza. [00:45:06;04] [00:45:06;12] Nós não somos a parte inteligente do sistema, [00:45:08;24] [00:45:09;02] nós somos uma parte do sistema inteligente. [00:45:12;06] [00:45:12;15] E, de fato, a gente precisa dessa natureza, [00:45:19;11] [00:45:19;19] que a gente fez questão de racionalmente [00:45:25;14] [00:45:25;25] distanciar de nós mesmos. Eu sou feito de natureza, [00:45:30;03] [00:45:30;14] eu como plantas todos os dias. Eu bebo água todos os dias, [00:45:33;29] [00:45:34;10] eu respiro ar todos os dias, eu tomo sol todos os dias. [00:45:37;12] [00:45:37;22] Eu visto planta todos os dias. [00:45:39;27] [00:45:46;06] Esse daqui tem uma florzinha linda, eu vou te mostrar ela aqui. [00:45:50;21] [00:45:53;17] Ela é tão especial, cara, que ela tem sido usada para [00:45:58;26] [00:45:59;11] melhorar a nutrição de pessoas na África e de pessoas no Nordeste do Brasil. [00:46:04;07] [00:46:04;19] Se chama Moringa oleifera, popularmente conhecida como Moringa, [00:46:09;06] [00:46:09;15] ela tem um fruto que é essa vagem grande cheia de sementes. [00:46:15;20] [00:46:16;06] Ela tem mais proteína que o leite e a carne de boi. [00:46:20;22] [00:46:20;29] E ela cresce, ela é muito resiliente, [00:46:22;18] [00:46:22;27] ela cresce em qualquer lugar com diferentes tipos [00:46:25;10] [00:46:25;22] de sistemas. Você pode comer as folhas, pode comer o tronco, [00:46:29;11] [00:46:29;18] pode comer a semente, pode comer a raiz, [00:46:31;23] [00:46:32;04] você pode comer ela inteira e ela é extremamente nutritiva. [00:46:35;06] [00:46:35;13] Ela, por exemplo, as folhas, [00:46:37;06] [00:46:37;16] se você pegar as folhas e macerá-las numa água barrenta, [00:46:43;00] [00:46:43;09] ela purifica essa água em questão de minutos. [00:46:45;24] [00:46:46;04] O barro decanta, a água fica límpida [00:46:49;00] [00:46:49;11] e ela se torna potável. É uma planta muito especial. Moringa oleifera. [00:46:56;05] [00:47:00;19] Eu acho que é a pitomba. [00:47:02;20] [00:47:06;07] Mas preciso confirmar. [00:47:08;01] [00:47:09;02] Eu acho que é pitomba. [00:47:11;18] [00:47:12;03] Então, esse jardim já tem uma vocação frutífera. [00:47:15;27] [00:47:16;08] Só que ele é uma passagem, as pessoas vêm muito rápido, [00:47:20;11] [00:47:20;20] elas chegam, passam, passam de carrinho muitas vezes. [00:47:23;12] [00:47:23;22] A gente quer convidá-las a parar. [00:47:25;06] [00:47:32;19] Talvez seja o primeiro grande momento da história onde o homem [00:47:35;28] [00:47:36;08] percebe que a natureza é uma fator limitante para ele, [00:47:40;26] [00:47:41;07] por tudo isso que está acontecendo. [00:47:43;04] [00:47:43;14] A situação, não só climática, mas de biodiversidade é uma grande crise. [00:47:47;22] [00:47:48;02] A gente perde qualquer coisa entre cem e mil vezes mais espécies por ano [00:47:51;12] [00:47:51;23] do que era de se esperar se não houvesse ação humana sobre a Terra. [00:47:55;09] [00:47:55;21] Então, é uma taxa de perda de biodiversidade enorme. [00:47:57;19] [00:48:18;18] Aqui, está vendo? A transformação, olha, [00:48:21;28] [00:48:22;06] das ráfias morrendo, agora que elas estão no processo de dar [00:48:27;10] [00:48:27;18] floração e semente tem três anos, [00:48:30;25] [00:48:31;03] é um processo lento, elas florescem, [00:48:33;21] [00:48:33;29] dão os cachos de semente, cai a semente, [00:48:36;24] [00:48:37;03] isso são mudas que nasceram espontaneamente dela. [00:48:40;08] [00:48:40;20] Então, ela amadurece essa semente, [00:48:42;16] [00:48:42;23] cai essa semente, elas vão morrendo [00:48:45;13] [00:48:45;21] e vai nascendo as filhas aqui. [00:48:47;27] [00:48:48;07] São as filhas aqui que estão com três anos de idade, [00:48:52;27] [00:48:53;24] desde a mudinha da semente, mais ou menos, dois ou três anos. [00:48:58;26] [00:49:00;04] Estão nascendo dessas que foram, então, a natureza é isso. [00:49:03;26] [00:49:05;27] Se você plantou 20, 30 anos atrás, [00:49:09;23] [00:49:10;04] você vai ver uma árvore crescida quando tiver os seus cabelos brancos, não é? [00:49:14;27] [00:49:15;08] Você vai deixar para o seu filho, seu filho vai deixar para o seu neto, [00:49:19;06] [00:49:19;13] o seu neto para o seu bisneto, [00:49:21;11] [00:49:21;20] e aí vão ver dessa grossura daqui cem anos. [00:49:25;18] [00:49:25;28] Se você não plantou, você pode plantar ainda. [00:49:28;20] [00:49:29;00] Então, o tempo é isso. O que você pode fazer na vida, [00:49:32;17] [00:49:32;25] você tem que plantar, você tem que semear, [00:49:35;09] [00:49:35;20] cuidar da mudinha e colocar no local definitivo ali e deixar crescer. [00:49:41;25] [00:49:42;08] Porque ali o tempo passa rápido, quando você piscar o olho, passou meio século, [00:49:47;22] [00:49:48;03] e aquela árvore você deixou para as próximas gerações. [00:49:52;27] [00:49:57;01] Pões um substrato aí. [00:50:00;11] [00:50:00;21] Espera aí, vai por o substrato primeiro. [00:50:05;07] [00:50:06;16] Já deu, pode diminuir no torrão ali. [00:50:09;27] [00:50:11;29] Isso! Está bom! Ótimo! [00:50:16;02] [00:50:18;24] Agora pega. Pode colocar. [00:50:23;28] [00:50:25;25] ? [00:50:29;12]